Fiocruz alerta para transmissão de meningite por caramujos após morte por doença rara no Rio de Janeiro

A Fundação Oswaldo Cruz emitiu um alerta sobre a transmissão de meningite por meio de caramujos, conhecida como meningite eosinofílica. A preocupação surgiu após a morte de um paciente em abril deste ano, na cidade de Nova Iguaçu, região metropolitana do Rio de Janeiro.

As análises laboratoriais identificaram a presença do verme causador da doença em um caramujo na região onde o caso foi registrado. A meningite é uma enfermidade caracterizada pela inflamação das meninges, membranas que revestem o encéfalo e a medula espinhal.

A investigação foi conduzida pelo Laboratório de Malacologia do Instituto Oswaldo Cruz (IOC). A Malacologia é o ramo da biologia que estuda os moluscos. Após a Fiocruz ser notificada do caso, agentes da Vigilância Ambiental em Saúde (Suvam) de Nova Iguaçu e do IOC realizaram a coleta de caramujos em diferentes pontos do bairro Ipiranga, onde o paciente contraiu a doença.

Dos 22 moluscos analisados, o verme causador da doença, Angiostrongylus cantonensis, foi encontrado em um caramujo da espécie Pomacea maculata, conhecido popularmente como lolô ou aruá. A última vez que um caso de meningite transmitida por caramujo foi registrado no estado do Rio de Janeiro foi em 2014, embora haja registros no Brasil desde 2006.

De acordo com a chefe do Laboratório de Malacologia do IOC/Fiocruz, Silvana Thiengo, é essencial que os profissionais de saúde estejam atentos para diagnosticar a doença. Ela ressalta a importância de os médicos considerarem essa possibilidade ao realizar diagnósticos e oferecerem o tratamento adequado.

O verme Angiostrongylus cantonensis é um parasita que busca hospedeiros como roedores, servindo para o desenvolvimento do parasita adulto. As larvas que são eliminadas pelas fezes dos mamíferos acabam infectando caramujos. Quando os caramujos são ingeridos, as larvas podem infectar animais vertebrados, incluindo seres humanos. Muitas vezes, a transmissão ocorre após a ingestão de caramujos de água doce crus.

Os sintomas mais comuns da meningite eosinofílica incluem dor de cabeça, distúrbios visuais, enjoo, vômito e parestesia persistente. Embora a maioria dos casos resulte em cura espontânea, é essencial acompanhamento médico devido ao risco de complicações graves.

A Fiocruz recomenda evitar o contato com caramujos, higienizar verduras adequadamente e não consumir animais crus ou malcozidos. Além disso, é importante que os agentes de vigilância mapeiem os riscos de infecção, coletando periodicamente moluscos para análise parasitológica.

Em suma, a atenção e os cuidados com a doença transmitida por caramujos são fundamentais para proteger a população e controlar a disseminação da enfermidade. É essencial que medidas preventivas sejam adotadas de forma eficaz para garantir a segurança e saúde de todos os indivíduos.

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