Segundo o texto do boletim oficial, a Télam deixará de funcionar em suas atividades jornalísticas e como agência de notícias, passando a atuar como agência de publicidade e propaganda alinhada com a nova abordagem estratégica da sociedade. A nova Agência Estatal de Publicidade (APE) será responsável pelo desenvolvimento, produção, comercialização e distribuição de material publicitário.
Essa mudança radical provocou reações de descontentamento por parte dos trabalhadores da agência e de organizações relacionadas ao jornalismo. O presidente Javier Milei foi enfático em sua decisão de fechar a empresa, alegando que a Télam era um instrumento de propaganda kirchnerista, em referência à ex-presidente Cristina Kirchner.
O sindicato da imprensa de Buenos Aires e o grupo Somos Télam descreveram as ações do governo como um ataque à liberdade de expressão. Eles afirmaram que a luta era para defender os empregos e o papel social dos meios de comunicação públicos.
Desde a intervenção na Télam em março, cerca de 30% dos funcionários foram desligados da empresa por meio de reformas voluntárias, e está prevista a transferência de parte do pessoal para a nova Agência Estatal de Publicidade. Alguns trabalhadores mantiveram um “acampamento” em frente aos edifícios da agência em Buenos Aires em protesto contra a medida.
Essa transformação na Télam é apenas mais um capítulo em meio a um cenário mundial preocupante em relação à liberdade de imprensa e ao jornalismo independente. A situação na Argentina, especialmente após a chegada ao poder de Javier Milei, tornou-se particularmente delicada, como destacou o relatório da ONG Repórteres Sem Fronteiras em maio. A agência teve um papel fundamental na transmissão de informações no país, e seu fechamento representa uma perda significativa no panorama comunicacional argentino.