Estudo inédito aponta para a pior crise hídrica do Pantanal em 2024, com área coberta por água menor do que no ano passado

O Pantanal, um dos biomas mais importantes e ricos em biodiversidade do Brasil, enfrenta uma crise hídrica sem precedentes. Desde 2019, o bioma vem sofrendo com o período mais seco das últimas quatro décadas, e a previsão é que em 2024 a situação se agrave ainda mais, segundo um estudo inédito divulgado recentemente.

De acordo com a pesquisa encomendada pelo WWF-Brasil e realizada pela empresa ArcPlan, com financiamento do WWF-Japão, a área coberta por água no Pantanal nos primeiros quatro meses de 2024 foi menor do que no período de seca do ano anterior. O estudo utilizou dados do satélite Planet, que possui alta sensibilidade para mapear as áreas alagadas pelos rios que transbordam durante as cheias. No entanto, em 2024, esse pulso de cheias não aconteceu como era esperado, levando a uma situação preocupante.

A especialista em conservação do WWF-Brasil, Helga Correa, ressaltou que o nível do Rio Paraguai, principal rio que corta o Pantanal, esteve muito abaixo do esperado para o período, indicando uma seca extrema no bioma. Essa redução drástica no nível de água pode trazer consequências graves para a fauna, a flora e a população local, que dependem da disponibilidade hídrica para sobreviver.

Além dos eventos climáticos que agravam a seca, a ação humana também tem contribuído para a degradação do Pantanal. A construção de barragens, o desmatamento, as queimadas e outras práticas prejudiciais ao ecossistema estão colocando o bioma em um estado de vulnerabilidade extrema. A falta de água também afeta diretamente a qualidade da água, com a entrada de cinzas provenientes das queimadas, prejudicando não só a vida aquática como também o acesso da população local à água potável.

Diante desse cenário preocupante, a recomendação dos pesquisadores é urgente: é preciso agir para frear o desmatamento, restaurar áreas de Proteção Permanente, apoiar práticas sustentáveis e valorizar as comunidades locais que dependem dos recursos naturais do Pantanal. A preservação desse bioma único é essencial não apenas para a biodiversidade, mas também para o modo de vida das pessoas que vivem na região.

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