A descoberta de que eram irmãs gêmeas trouxe à tona um passado obscura e chocante em relação ao tráfico de bebês na Geórgia. Durante mais de meio século, bebês foram separados de suas mães logo após o nascimento, com certidões de óbito falsas, e entregues para adoção, tanto no país como no exterior, com certidões de nascimento fraudulentas. Estima-se que cerca de 120.000 bebês foram vítimas desse esquema criminoso entre 1950 e 2006.
A jornalista georgiana Tamuna Museridze, que investiga esse assunto delicado, aponta para a existência de uma rede criminosa que envolvia maternidades, berçários e agências de adoção, responsáveis por organizar esses sequestros. E ela não está sozinha nessa luta. Fundadora de um grupo no Facebook que busca reunir bebês roubados com seus pais biológicos, Museridze auxiliou Elene e Anna a fazerem o teste de DNA que mudou suas vidas.
Esse reencontro trouxe à tona questões complexas sobre adoção e tráfico de bebês na Geórgia. Enquanto algumas famílias adotivas eram enganadas sobre a origem dos bebês, outras optavam conscientemente por burlar a lei e comprar uma criança para evitar a espera em processos de adoção legal. Mesmo com medidas implementadas pelo governo na década de 2000 para combater o tráfico de bebês, ainda existem muitas incógnitas e poucas respostas concretas sobre o assunto.
Apesar das investigações em andamento, lideradas pelo Ministério do Interior, a jornalista Museridze critica a falta de ação efetiva por parte das autoridades para lidar com essa questão delicada. Enquanto isso, a emocionante história de Elene e Anna serve como um alerta sobre a necessidade de justiça e transparência em casos de tráfico de bebês e adoção irregular.