Enquanto a BCG convencional reduziu a infecção em 90% nos camundongos testados, a nova versão, conhecida como BCG recombinante, elevou esse índice de proteção para impressionantes 99%. Além disso, a nova formulação demonstrou uma capacidade de proteção por um período mais prolongado, o que é crucial na luta contra essa doença que ainda causa milhares de mortes por ano em todo o mundo.
Luciana Cezar de Cerqueira Leite, pesquisadora do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Butantan e principal autora do estudo, afirmou que a imunidade conferida pela BCG convencional tende a diminuir na vida adulta, tornando as pessoas vulneráveis à doença. Com o aumento da resistência bacteriana aos antibióticos, o desenvolvimento de uma vacina mais eficaz se torna ainda mais urgente.
Para alcançar esses resultados inovadores, o grupo de pesquisadores adotou uma abordagem avançada conhecida como biologia de sistemas. Esse método permitiu aos cientistas observar o comportamento de milhares de genes em diferentes tecidos ao longo da resposta imune dos animais, revelando os motivos pelos quais a BCG recombinante é tão eficaz.
Os estudos revelaram que a nova vacina ativa até 200 genes em apenas sete dias após a imunização, enquanto a BCG convencional não apresentava diferenças nesse período. Além disso, a resposta imune induzida pela BCG recombinante se manteve por mais tempo, em comparação com a versão convencional.
Com a perspectiva de produzir lotes experimentais do imunizante em 2025 e iniciar os ensaios clínicos no ano seguinte, o Instituto Butantan se coloca na vanguarda da pesquisa em vacinas. Os resultados obtidos até agora representam um avanço significativo no combate à tuberculose e abrem caminho para o desenvolvimento de novas vacinas contra diversas doenças, incluindo a coqueluche, a pneumonia e até mesmo o câncer de bexiga.
Essa iniciativa mostra como a ciência e a inovação podem transformar a saúde pública e salvar vidas em todo o mundo. O Instituto Butantan continua sua missão de contribuir para a erradicação de doenças infecciosas e para o avanço da medicina preventiva, reafirmando sua posição como um dos principais centros de pesquisa científica do país.
