Relatório da ONU alerta para violência extrema contra refugiados e migrantes na rota da África para o Mediterrâneo: “Ninguém se importa se você vive ou morre”

A rota através da África para chegar ao Mediterrâneo tem se mostrado extremamente perigosa para os refugiados e migrantes, de acordo com um recente relatório da ONU. A violência, os abusos e a exploração são apenas algumas das dificuldades enfrentadas por aqueles que buscam uma vida melhor do outro lado do mar.

Com o título “Nesta jornada, ninguém se importa se você vive ou morre”, o relatório produzido pela Acnur, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados, e o Mixed Migration Centre alerta para a realidade brutal enfrentada por aqueles que atravessam o continente africano em direção à Europa. Segundo os autores do documento, mais pessoas morrem nas rotas terrestres do que na travessia marítima pelo Mediterrâneo.

A falta de dados dificulta a realização de projeções precisas, mas estima-se que milhares de pessoas percam a vida todos os anos nessa perigosa jornada. Entrevistando mais de 31 mil refugiados, os especialistas constataram que as mortes no deserto são duas vezes mais frequentes do que as ocorridas no mar.

Além disso, os migrantes enfrentam tortura, sequestros, tráfico de seres humanos, violência sexual, detenções arbitrárias e expulsões coletivas ao longo do caminho. Vincent Cochetel, emissário especial do Acnur para o Mediterrâneo Central e Ocidental, relata que todos os migrantes que atravessam o Saara costumam encontrar corpos ao longo do caminho, destacando a gravidade da situação.

Apesar dos inúmeros desafios e perigos enfrentados pelos migrantes, o relatório aponta para um aumento no número de pessoas que optam por essa rota, em parte devido à queda da situação em diversos países africanos, mas também influenciado pelas mudanças climáticas e desastres naturais.

Em um cenário alarmante, o documento ainda destaca que centenas de pessoas foram vítimas de tráfico de órgãos, muitas vezes sem seu consentimento. A falta de dados precisos sobre o fluxo de pessoas pela África torna a situação ainda mais desafiadora, mas os relatos de violência física e abusos são recorrentes entre os entrevistados.

Diante desse panorama sombrio, é urgente que medidas sejam tomadas para proteger os refugiados e migrantes que buscam uma vida melhor, combatendo a violência, a exploração e o tráfico de seres humanos ao longo dessa perigosa jornada.

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