Absolvição de policiais civis pela morte de João Pedro em 2020 em São Gonçalo transmite mensagem de impunidade, avalia Anistia Internacional.

A decisão da juíza Juliana Bessa Ferraz Krykhtine de absolver três policiais civis pela morte do jovem João Pedro Mattos Pinto, em 2020, na comunidade do Salgueiro, em São Gonçalo (RJ), gerou grande repercussão e polêmica. A Anistia Internacional Brasil manifestou perplexidade diante da absolvição dos agentes envolvidos na operação que resultou na morte do adolescente de 14 anos.

A organização não governamental avalia que a decisão da juíza transmite a ideia de impunidade nos casos de mortes decorrentes de ações policiais em favelas. Para a Anistia Internacional, a absolução dos policiais civis reforça a mensagem de que as favelas são territórios onde as mortes causadas pela polícia permanecem impunes.

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro havia denunciado os agentes Fernando de Brito Meister, Mauro José Gonçalves e Maxwell Gomes Pereira por homicídio qualificado e fraude processual. No entanto, a juíza julgou que não havia materialidade delitiva por parte dos agentes.

João Pedro foi morto com um tiro nas costas dentro da casa de um tio durante a ação policial na comunidade do Salgueiro. A família do adolescente ficou 17 horas sem notícias, até que seu corpo foi localizado no Instituto Médico Legal. Testemunhas afirmaram que a casa foi cercada e fuzilada pelos agentes, que posteriormente coagiram um dos garotos a ajudar a levar o corpo para um helicóptero da polícia.

A Anistia Internacional destacou a demora na ação penal e a lentidão da Justiça em garantir a responsabilização dos envolvidos. A Defensoria Pública do Estado do Rio Janeiro, em nome da família de João Pedro, anunciou que irá recorrer da decisão da juíza, alegando que a sentença não considerou a robusta prova técnica e testemunhal apresentada no processo.

Diante desse cenário, a absolução dos policiais civis pela morte de João Pedro levanta questionamentos sobre a efetividade da justiça e a necessidade de responsabilização nos casos de violência policial em comunidades vulneráveis. A sociedade civil e as organizações de direitos humanos seguem atentas e cobrando por um desfecho que traga justiça e respeito aos direitos fundamentais de cada indivíduo.

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