Segundo informações divulgadas pelo Ministério Público, foram encontradas roupas das vítimas, incluindo crianças, nas valas comuns situadas na região montanhosa. O Exército peruano estabeleceu uma base militar na área para combater a guerrilha maoista Sendero Luminoso e proteger a população civil de possíveis ataques terroristas.
As valas comuns foram identificadas nas encostas das comunidades de Yanaorcco, Llamanniyocc, Misumachay e Hichocruz, onde Putis era o centro de oito comunidades rurais. O massacre que resultou nessas mortes ocorreu em 13 de dezembro de 1984, deixando pelo menos 123 vítimas. No entanto, apenas 92 corpos foram sepultados em 2009, após serem descobertos em valas comuns um ano antes.
Apesar da descoberta dos restos mortais, nenhum militar envolvido no massacre foi condenado até o momento. A promotora Gisella Astocóndor solicitou 25 anos de prisão para um ex-capitão do Exército em abril deste ano. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos destacou a importância de continuar buscando e identificando as vítimas do massacre de Putis, bem como julgar os responsáveis pelos crimes.
O conflito armado que assolou o Peru entre 1980 e 2000 resultou em mais de 69.000 mortes, a maioria de camponeses pobres dos Andes. A Comissão da Verdade e Reconciliação responsabilizou o Sendero Luminoso como o principal perpetrador de violações dos direitos humanos, mas também apontou que as forças de segurança envolvidas no combate à organização também cometeram crimes de lesa-humanidade.
Existem aproximadamente 4.000 valas comuns no Peru, muitas localizadas em Ayacucho, considerado o berço e principal foco do Sendero Luminoso. A descoberta dos restos mortais em Putis ressalta a necessidade de justiça e reparação para as vítimas e suas famílias, em um país que ainda enfrenta as consequências de um conflito armado que completa mais de quatro décadas.