Repórter Recife – PE – Brasil

Promotora anticorrupção da Guatemala se exila clandestinamente após condenação polêmica em carta publicada nas redes sociais.

A renomada ex-promotora anticorrupção da Guatemala, Virgina Laparra, tomou uma decisão extrema ao se exilar clandestinamente, após ser condenada a cinco anos de prisão em um controverso processo judicial. A notícia foi divulgada pela própria Laparra em uma carta compartilhada nas redes sociais nesta quinta-feira (18).

Na mensagem, Laparra alegou que optou pelo exílio como forma de preservar sua vida, diante da constante ameaça da perseguição judicial que vinha sofrendo. A ex-promotora se encontrava em prisão domiciliar e sob a proibição de deixar o país, o que fez com que ela tomasse essa decisão drástica.

O presidente Bernardo Arévalo, que chegou a condecorar Laparra em março, se manifestou em relação ao ocorrido, ressaltando que enquanto a ex-promotora é forçada a sair do país, os corruptos continuam impunes nas ruas da Guatemala.

A condenação de Laparra ocorreu em um tribunal de Quetzaltenango e foi baseada na acusação de divulgação de informações confidenciais, em um processo que recebeu duras críticas da comunidade internacional. Este foi o segundo veredicto desfavorável à ex-promotora, que anteriormente havia sido sentenciada a quatro anos de prisão em dezembro de 2022, em outro caso controverso.

A prisão de Laparra, em fevereiro de 2022, aconteceu no contexto de uma repressão por parte do governo do presidente Alejandro Giammattei contra diversos promotores e juízes envolvidos em investigações de corrupção. Esse cenário resultou no exílio de muitos desses profissionais, devido à perseguição promovida pela procuradora-geral Consuelo Porras, que enfrenta sanções dos Estados Unidos e da União Europeia.

A própria Laparra se pronunciou sobre sua situação, destacando que foi alvo de tratamento desumano durante os dois anos em que esteve presa arbitrariamente. A Anistia Internacional considerava a ex-promotora uma “prisioneira de consciência”, ressaltando que ela estava sendo processada em virtude de seu trabalho de combate à corrupção.

Até o momento, não se tem conhecimento sobre o destino para o qual Laparra se exilou. Sua saída do país foi confirmada por um membro de sua defesa, que teve acesso à carta pública divulgada pela ex-promotora. Laparra, que recebeu uma condecoração do presidente Arévalo em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, era vista como uma figura importante no combate à corrupção na Guatemala e a sua partida representa um golpe para aqueles que lutam por justiça e transparência no país.

Sair da versão mobile