Os sintomas como névoa cerebral e falta de memória podem persistir por meses após a recuperação da infecção, caracterizando a chamada “covid longa”. Os pesquisadores analisaram o proteoma de cérebros de pessoas que faleceram de covid-19 para entender melhor essas alterações. O proteoma mapeia as proteínas do órgão em nível molecular, fornecendo informações valiosas sobre as funções que foram afetadas.
O estudo encontrou padrões de proteínas associadas à neurodegeneração, normalmente presentes em doenças como Parkinson, Alzheimer e Huntington. Além disso, o vírus e a esquizofrenia afetam a neurotransmissão, a comunicação entre as células cerebrais, o que pode explicar a perda cognitiva causada pela covid-19 em alguns pacientes.
Outro achado interessante foi a alteração na produção de energia das células cerebrais após a infecção pelo SARS-CoV-2, o que prejudica o funcionamento normal das células. Essas descobertas podem ajudar a compreender melhor os efeitos do vírus no cérebro e abrir caminho para o desenvolvimento de tratamentos inovadores.
No entanto, os pesquisadores ressaltam que mais estudos são necessários para confirmar essas hipóteses e entender se as alterações nas proteínas cerebrais são duradouras ou reversíveis. A neurocientista Marília Zaluar destaca a importância de replicar esses resultados e ampliar a pesquisa para uma amostra mais diversificada. A publicação desses achados visa contribuir para o avanço do conhecimento e o desenvolvimento de possíveis tratamentos para problemas neurológicos associados à covid-19.