Jornalista americano condenado a 16 anos de prisão na Rússia por espionagem, mas Casa Branca e família negam acusação

O jornalista americano Evan Gershkovich foi condenado a 16 anos de prisão por espionagem em um julgamento realizado nesta sexta-feira (19) em um tribunal russo localizado em Ekaterimburgo. A sentença determinou que Gershkovich cumprirá sua pena em uma colônia penitenciária de “regime fechado”.

Gershkovich, de 32 anos e jornalista do Wall Street Journal, foi detido durante uma reportagem na cidade dos Urais no final de março de 2023. Ele foi acusado de compilar informações sensíveis para a CIA sobre um dos principais fabricantes de armas da Rússia, Uralvagonzavod, que produz os tanques T-90 utilizados na Ucrânia.

Tanto a família do jornalista quanto a Casa Branca rejeitaram veementemente as acusações de espionagem contra Gershkovich. O governo dos Estados Unidos acredita que a detenção do jornalista tem como objetivo utilizá-lo em uma possível troca de prisioneiros, em um momento de grande tensão entre Moscou e Washington devido ao conflito na Ucrânia.

O Wall Street Journal criticou a condenação de Gershkovich e prometeu continuar pressionando por sua libertação. O editor do jornal, Almar Latour, e a editora-chefe Emma Tucker afirmaram que a condenação é vergonhosa e falsa, destacando que o jornalista foi detido injustamente por quase 16 meses.

Gershkovich é o primeiro jornalista ocidental acusado de espionagem na Rússia desde o período soviético, o que gerou uma onda de solidariedade na imprensa americana e europeia. A Rússia admitiu estar negociando a libertação do jornalista, com o presidente Vladimir Putin mencionando a possibilidade de uma troca com um prisioneiro russo detido na Alemanha.

O repórter, filho de imigrantes que fugiram da União Soviética para os Estados Unidos, se mudou para a Rússia em 2017. No entanto, a Casa Branca denunciou o julgamento como uma farsa e afirmou que Gershkovich nunca trabalhou para o governo americano.

Atualmente, o jornalista está detido na Rússia há quase 16 meses, se comunicando apenas com sua família e amigos por meio de cartas censuradas pela administração penitenciária. Nas correspondências, Gershkovich se mostra resignado com uma possível condenação, mas mantém o bom humor.

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