A controvérsia iniciou-se há três anos, quando Cortese fez uma montagem da primeira-ministra com o líder fascista Benito Mussolini ao fundo. Meloni, que na época era oposição, decidiu processar a jornalista por difamação. Em resposta, Cortese postou em suas redes sociais críticas à postura do governo italiano em relação à liberdade de expressão e dissidência jornalística.
Essa não é a primeira vez que Giorgia Meloni se envolve em disputas judiciais com jornalistas. Em um episódio anterior, ela processou com sucesso o jornalista investigativo Roberto Saviano por difamação, após ele a chamar de “bastarda” em rede nacional. Outro processo em andamento é contra dois jornalistas do jornal “Domani”, que a acusaram de usar sua influência para obter benefícios para membros de seu partido.
A indenização de € 5 mil imposta a Cortese reacende o debate sobre a censura e pressão imposta a jornalistas na Itália. A ONG Repórteres Sem Fronteiras rebaixou o país em seu Índice Mundial de Liberdade de Imprensa de 2024, apontando para um cenário de restrição à liberdade de expressão no país.
Diante desse contexto, a decisão do tribunal de Milão levanta questionamentos sobre até que ponto a liberdade de expressão pode ser garantida sem transgredir os limites legais de difamação. Resta agora à jornalista Giulia Cortese a decisão de recorrer da sentença ou não, enquanto a primeira-ministra Giorgia Meloni anunciou que qualquer valor recebido será doado para a caridade.