Os protestos que iniciaram em abril de 2018 contra Ortega foram um marco na história recente da Nicarágua, estendendo-se por três meses e resultando em mais de 300 vítimas fatais, centenas de presos e milhares de exilados, de acordo com dados da ONU. O mandatário e sua esposa, a vice-presidente Rosario Murillo, argumentaram que as manifestações eram uma tentativa de golpe de Estado orquestrada por Washington, alegação que continua sendo contestada.
Em meio a esse cenário conturbado, em 2023 o governo tomou medidas drásticas contra opositores, libertando políticos da prisão, expulsando-os do país e retirando sua nacionalidade e bens. Um dos críticos de Ortega, o ex-candidato à presidência Felix Maradiaga, afirmou que cerca de 15% da população foi forçada ao exílio.
Além disso, entidades como a ONU apontam que o governo nicaraguense comete violações aos direitos humanos que são equiparadas a crimes contra a humanidade. A liberdade de imprensa também é um ponto sensível, com jornalistas estrangeiros proibidos de entrar no país e uma classificação baixa no ranking do Repórteres sem Fronteiras.
O governo também adotou leis restritivas, como as de “crime cibernético” e “agentes estrangeiros”, além de ter fechado diversas organizações que recebiam financiamento externo. A relação estreita com países como China e Rússia também gera preocupações, principalmente pelas sanções aplicadas por EUA e UE devido às violações aos direitos humanos.
A sucessão política na Nicarágua também está em foco, já que Ortega governa ao lado de sua esposa e seus filhos, que ocupam cargos no governo e na mídia. A oposição caracteriza o regime como uma “ditadura de estilo familiar” e a esperança por uma mudança democrática parece cada vez mais distante. Enquanto o governo celebra sua suposta estabilidade nesta sexta-feira, há uma crescente preocupação com a situação real dos cidadãos nicaraguenses, que buscam alternativas para escapar da crise política e econômica que assola o país.