Quilombolas são afetados pela precariedade do saneamento em quase 80% dos lares, aponta Censo 2022 do IBGE.

De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira (19), cerca de 78,93% dos quilombolas no Brasil vivem em lares com precariedade ou falta de saneamento básico. Isso representa aproximadamente 1,048 milhão de pessoas que habitam 357,1 mil domicílios.

Essa realidade é 2,89 vezes maior do que a média da população brasileira, que é de 27,28%. Nos territórios quilombolas oficialmente reconhecidos, o percentual de moradores em situação precária chega a 90,02%.

O Censo 2022 revelou que, dos 1,3 milhão de quilombolas que vivem em lares permanentes, apenas 12,61% residem em territórios oficialmente delimitados pelo Estado, totalizando 167,8 mil pessoas. Para identificar um indivíduo como quilombola, o IBGE considerou a autoidentificação dos entrevistados, independente da cor de pele declarada.

O levantamento também mostrou que a maior parte dos domicílios quilombolas não tem acesso adequado a infraestrutura básica, como água, esgoto, banheiro e coleta de lixo. No total, 21,89% dos moradores estão expostos a pelo menos três condições precárias relacionadas a saneamento.

A coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, Marta Antunes, destacou que a desigualdade nas condições de moradia é evidente, com grande parte da população quilombola enfrentando dificuldades estruturais graves. Entre os quilombolas, 2,25% não têm banheiro exclusivo, contra 17,15% na população brasileira em geral.

Em relação ao abastecimento de água, os domicílios quilombolas dependem menos da rede geral de distribuição do que a média nacional. Além disso, mais de 50% dos quilombolas têm que queimar o lixo na própria propriedade, devido à falta de coleta adequada.

Segundo o gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, Fernando Damasco, os dados do Censo evidenciam as dificuldades estruturais enfrentadas pelos territórios quilombolas reconhecidos oficialmente. Ele ressaltou a importância desses dados como ferramentas para pressionar por investimentos e melhorias nas condições de vida dessas comunidades.

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