A presença da benzoilecgonina, principal metabólito da cocaína, foi detectada em 12 desses tubarões. As amostras foram coletadas no Recreio dos Bandeirantes, bairro localizado na zona oeste do Rio de Janeiro, durante um período de dois anos. A iniciativa teve como objetivo monitorar as mudanças no ambiente marinho, naturais e causadas pela intervenção humana, e seus impactos na vida marinha.
Especialistas alertam para a análise da presença de vírus e bactérias no esgoto para identificar a propagação silenciosa de micro-organismos causadores de doenças. Estudos sobre a contaminação do solo e da água por metais e pesticidas também são frequentes, devido ao impacto direto na saúde humana e ambiental.
Em declaração à imprensa, os pesquisadores responsáveis pelo estudo destacaram a importância dos tubarões no ecossistema marinho, ressaltando sua posição como espécies sentinelas para detectar danos ambientais e contaminação. A descoberta da presença de cocaína nesses animais foi considerada um marco, uma vez que estudos anteriores detectaram a substância apenas em água e organismos aquáticos menores, como mexilhões.
Os dados revelados pelo IOC/Fiocruz sugerem que os tubarões podem estar sofrendo uma superexposição à cocaína, indicando uma possível abundância da substância no ambiente marinho. A concentração de cocaína nos músculos dos animais foi três vezes maior do que a de benzoilecgonina, surpreendendo os especialistas.
Por fim, os pesquisadores ressaltaram a necessidade de estudos adicionais para avaliar os potenciais impactos da contaminação por cocaína na saúde e na reprodução dos tubarões. A descoberta reforça a importância da preservação ambiental e da conscientização sobre os efeitos da poluição nos ecossistemas marinhos e na saúde pública.