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Forças Armadas da Venezuela: bastião do chavismo ou peça crucial nas eleições?

As Forças Armadas da Venezuela, também conhecidas como “bolivarianas”, têm desempenhado um papel fundamental no governo do chavismo nos últimos 25 anos. Desde a chegada dessa corrente ao poder, os militares têm sido leais ao movimento, como fica evidente na saudação oficial proferida pelos soldados venezuelanos: “Chávez vive!”.

Essa fidelidade foi instaurada por Hugo Chávez, ex-presidente do país e figura carismática que promoveu uma reforma constitucional em 1999, concedendo aos militares o direito ao voto e um imenso poder ao ocupar posições estratégicas em instituições estatais, como a indústria petrolífera, crucial para a economia da Venezuela.

Atualmente, Nicolás Maduro, sucessor de Chávez e candidato à reeleição, tem ampliado ainda mais a influência dos militares em seu governo. Ele enfatiza o apoio da Força Armada Nacional Bolivariana e reitera constantemente sua gratidão à instituição, que é descrita como chavista, bolivariana e revolucionária.

No entanto, a oposição venezuelana deposita suas esperanças de vitória nas eleições de domingo (28) na possibilidade dos militares desempenharem um papel determinante no processo eleitoral. Edmundo González Urrutia, representante da líder da oposição inabilitada María Corina Machado, faz um apelo ao poder militar para que respeite a vontade soberana dos eleitores.

É importante ressaltar que as Forças Armadas venezuelanas são altamente estruturadas, contando com 343 mil integrantes em 2020, segundo dados do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos. Além disso, essas forças têm construído alianças internacionais, deixando para trás a tradicional relação com os Estados Unidos e estabelecendo acordos com a Rússia para o fornecimento de equipamentos militares.

No entanto, a instituição militar venezuelana também é alvo de críticas, principalmente relacionadas à corrupção, enriquecimento de oficiais e violações dos direitos humanos. A oposição, juntamente com especialistas e organizações de defesa dos direitos humanos, têm denunciado ações questionáveis por parte dos militares venezuelanos.

Nesse contexto, as eleições deste domingo ganham importância não apenas para o futuro político do país, mas também para o papel que as Forças Armadas terão nesse cenário de incerteza e turbulência político-econômica que assola a Venezuela nos últimos anos. A possibilidade de uma transição política, a apuração de denúncias de corrupção e violações dos direitos humanos por parte dos militares, e a melhoria da situação econômica e social do país são desafios que estão em jogo nas eleições vindouras.

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