Repórter Recife – PE – Brasil

Mulher de 50 anos é a primeira pessoa presa por casamento forçado na Austrália após a morte da filha em 2019.

A Austrália se torna palco de um julgamento histórico, onde uma mulher de quase 50 anos se torna a primeira pessoa a ser presa sob as leis de casamento forçado do país. Sakina Muhammad Jan foi declarada culpada de coagir sua filha, Ruqia Haidari, de 21 anos, a se casar com Mohammad Ali Halimi, 26, em troca de dinheiro, em um caso que chocou a nação.

O desfecho trágico desse casamento forçado se deu com a morte da jovem pelas mãos do marido seis semanas após a cerimônia, em 2019. Mohammad Ali Halimi foi condenado à prisão perpétua pelo crime, que escandalizou todo o país. Esse caso trouxe à tona a grave questão dos casamentos forçados e suas consequências devastadoras.

O caso de Sakina chamou atenção por sua gravidade e complexidade. Ela recebeu uma pena de três anos de prisão, mesmo se declarando inocente. A juíza responsável pelo caso classificou a pressão exercida por Sakina sobre sua filha como “intolerável”, mas a decisão de liberá-la após 12 meses para cumprir o restante da pena na comunidade gerou controvérsias.

Refugiada afegã hazara, Sakina fugiu da perseguição do Talibã e migrou para a região de Victoria com seus cinco filhos em 2013. Seus advogados alegam que ela sofre uma profunda dor pela perda da filha, mas que continua a manter sua inocência.

O julgamento revelou que Ruqia foi forçada a entrar em um casamento religioso não oficial aos 15 anos, experiência que terminou após dois anos. A jovem não desejava se casar novamente até os 27 ou 28 anos, sonhando em continuar seus estudos e conseguir um emprego.

O caso de Sakina levantou debates sobre os casamentos forçados na Austrália e a necessidade de se combater essa prática nefasta. As leis de casamento forçado foram introduzidas em 2013 no país, estabelecendo uma pena máxima de sete anos de prisão para os infratores. A condenação de Sakina representa um marco nesse combate, mas ainda há diversos casos pendentes que necessitam de atenção.

O procurador-geral Mark Dreyfus descreveu o casamento forçado como “o crime semelhante à escravidão mais relatado” na Austrália, evidenciando a gravidade da situação. Governos sucessivos têm prometido erradicar essa prática, que segundo a polícia, está em ascensão. Medidas como a criação de um Comissário Antiescravidão foram votadas pelo parlamento australiano, buscando responder às demandas por justiça e proteção das vítimas desses casamentos forçados.

Em um desfecho dramático, Sakina foi condenada em um caso que destaca a luta contra os casamentos forçados na Austrália, uma batalha que continua a ser travada em prol dos direitos e da segurança das mulheres. Esse caso serve como alerta para a sociedade sobre a importância de combater essa prática nociva e garantir a proteção das vítimas.

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