Presidente da Colômbia autoriza negociações com o Clã do Golfo visando acordo de desarmamento em meio ao tráfico de drogas

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, tomou uma decisão polêmica nesta segunda-feira (5) ao autorizar cinco membros de seu governo a restabelecerem contatos com membros do Clã do Golfo, o principal cartel de tráfico de drogas do país, com o intuito de alcançar um acordo para o desarmamento do grupo.

Em uma resolução divulgada à imprensa, o presidente de esquerda permitiu que seus representantes estabelecessem um “Espaço de Conversação Sociojurídico” com os membros do Clã para verificar sua disposição em se integrar ao Estado de Direito. A delegação oficial foi encabeçada por Álvaro Jiménez Millán, cientista político e analista do conflito armado.

A medida foi recebida com surpresa e polêmica, tendo em vista que, em março de 2023, Petro havia interrompido os contatos com alguns membros dessa organização ilegal, acusando-os de financiar garimpeiros que promoviam atos contra as forças de segurança e civis no norte do país. Na ocasião, nenhuma negociação formal foi estabelecida.

A mudança de postura do presidente colombiano ocorre após o Clã do Golfo, que possui cerca de 4.000 membros, demonstrar interesse em retomar as negociações. O grupo, que se autodenomina Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC) e recentemente adotou o nome de Exército Gaitanista da Colômbia (EGC), reivindica tratamento político e se recusa a se submeter à justiça.

A movimentação de Petro é criticada por opositores e especialistas, que enxergam o Clã do Golfo como uma organização criminosa que se sustenta por meio do tráfico de drogas e outras atividades ilegais. Estima-se que o grupo exporte cerca de 700 toneladas de cocaína por ano e esteja envolvido em práticas como garimpo ilegal e tráfico de migrantes na fronteira com o Panamá.

Apesar das controvérsias, alguns veículos de imprensa relatam que o líder máximo do Clã do Golfo, conhecido como “Otoniel”, foi capturado em 2021 e extraditado para os Estados Unidos em 2022. Seu suposto sucessor, apelidado de “Chiquito Malo”, estaria interessado em negociar com o presidente colombiano.

A Colômbia, no entanto, permanece como o maior produtor de cocaína do mundo, conforme dados da ONU, o que evidencia a urgência de ações efetivas para lidar com o problema do tráfico de drogas no país. A possibilidade de diálogo entre o governo colombiano e o Clã do Golfo para o desarmamento do grupo representa um desafio complexo, envolvendo questões políticas, jurídicas e sociais. A repercussão dessa decisão e seus desdobramentos futuros certamente serão acompanhados de perto pela comunidade internacional e pela população colombiana.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo