Repórter Recife – PE – Brasil

Fogo no Pantanal ceifa a vida de três onças-pintadas e alerta para impacto devastador na fauna do bioma

As queimadas no Pantanal continuam a devastar a vida selvagem e as consequências já são sentidas de maneira trágica. O fogo que devora o bioma já ceifou a vida de três onças-pintadas, informou o biólogo Gustavo Figueiroa, membro da rede Brigadas Pantaneiras que luta contra as chamas.

Na última segunda-feira (5), a descoberta de dois filhotes carbonizados comoveu as equipes de conservação e recuperação do bioma. Os animais foram encontrados no município de Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, enquanto a terceira onça morta pelo fogo foi localizada na propriedade do Recanto Ecológico Caiman, em Miranda.

Figueiroa ressaltou a importância das onças-pintadas como predadores de topo de cadeia e expressou sua preocupação com o impacto dessa perda na fauna. Segundo ele, a agilidade e versatilidade desses animais são essenciais para o equilíbrio ambiental.

O estudo Respostas de mamíferos neotropicais a megaincêndios no Pantanal brasileiro apontou que as onças-pintadas foram as únicas das oito espécies investigadas que não sofreram redução populacional no incêndio de 2020. No entanto, os pesquisadores alertaram para os efeitos deletérios dos incêndios provocados pelo homem na distribuição e persistência das espécies.

A mudança climática e a intensidade das queimadas em 2021 já superam os números do ano anterior, colocando em risco a vida selvagem em massa. A antecipação do período de seca tem dificultado o combate às chamas, especialmente em áreas de vegetação alta.

As brigadas que atuam no Pantanal enfrentam desafios para acessar algumas regiões e recorrem a técnicas como o uso de aceiros para interromper a propagação do fogo. Porém, as condições climáticas favoráveis ao alastramento das chamas têm dificultado o trabalho dessas equipes.

A Reserva Particular do Patrimônio Natural Dona Aracy, localizada no Recanto Ecológico Caiman, teve 80% de sua área atingida pelo fogo em julho, levando à suspensão das atividades de ecoturismo. A instituição reforçou seu compromisso com a conservação da fauna e da flora, que encontram no local um refúgio seguro.

O Grupo de Resgate Técnico Animal do Pantanal segue atuando no salvamento de animais silvestres afetados pelas queimadas. Até o último domingo, 564 animais foram resgatados e encaminhados a centros de reabilitação em Corumbá e Campo Grande.

A situação no Pantanal é alarmante, com a vida selvagem sofrendo as consequências da ação humana desenfreada. É urgente a mobilização de esforços para proteger esse bioma único e suas espécies que estão em risco de extinção local.

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