Pesquisa revela que 75% dos jornalistas na América Latina e Caribe conhecem casos de violência de gênero dentro das redações

Um estudo realizado em 14 países da América Latina e do Caribe revelou que 75% dos jornalistas entrevistados conhecem pelo menos um caso de violência de gênero contra colegas ou relataram episódios de violência contra si. Essa pesquisa, intitulada “Meios sem Violência: a urgência de políticas de abordagem e prevenção”, foi conduzida pela Asociación Civil Comunicación para la Igualdad de Argentina, com apoio da Federação de Jornalistas da América Latina e do Caribe (FEPALC) e da Unesco.

O estudo identificou um total de 96 casos de violência de gênero, sendo que a forma mais comum de violência foi o constrangimento psicológico e verbal, representando 65,5% dos episódios. Além disso, houve relatos de assédio sexual, assédio digital, maus-tratos, agressão física e violência econômica.

Os agressores foram classificados em dois perfis: os agressores “offline”, presentes em 49% dos casos, incluindo indivíduos em cargos hierárquicos elevados dentro da empresa; e os agressores “online”, como dirigentes governamentais e políticos, presentes em 31,5% das situações. Surpreendentemente, a maioria desses agressores não sofreu punição.

A pesquisa também destacou que quase a metade dos casos de violência ocorreu nas redações e estúdios dos veículos de comunicação, e que muitas situações de violência foram cometidas nas redes sociais ou através de e-mails.

No âmbito das medidas de prevenção, apenas 18,5% dos entrevistados informaram que em seus veículos de comunicação existem áreas especializadas para lidar com a violência. No entanto, a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) é um exemplo positivo, mantendo em atividade o Comitê de Pró Equidade de Gênero e Raça e participando de iniciativas que promovem a inclusão e diversidade.

A pesquisa propõe um modelo de protocolo para a prevenção e combate à violência de gênero no ambiente jornalístico, que pode servir como referência para a implementação de ações contra a discriminação e o assédio. Este protocolo está disponível no site da Asociación Civil Comunicación para la Igualdad de Argentina.

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