Repórter Recife – PE – Brasil

Guardas penitenciários espancam presidiárias em Teerã durante protestos contra série de execuções, incluindo vencedora do Nobel da Paz.

Presas políticas espancadas por guardas penitenciários na prisão de Evin

Um episódio de violência desumana chocou a seção feminina da prisão de Evin, em Teerã, onde presas políticas foram brutalmente espancadas por guardas penitenciários. Segundo relatos da família da renomada ativista Narges Mohamadi, vencedora do Prêmio Nobel da Paz, a situação teria ocorrido durante um protesto contra uma série de execuções que têm assolado o país nos últimos tempos.

De acordo com informações apresentadas pela família de Mohamadi, as detentas estavam expressando sua indignação em relação à execução de Gholamreza Rasaei, condenado pelo assassinato de um oficial da Guarda Revolucionária durante os protestos nacionais de 2022. O protesto pacífico acabou em violência, quando os guardas receberam ordens para atacar as mulheres presentes, atingindo especialmente aquelas que lideravam a manifestação.

Apesar das alegações feitas pela família da ativista, a administração penitenciária iraniana negou veementemente que tenha ocorrido qualquer tipo de violência contra as presas políticas. Pelo contrário, as autoridades acusaram as detentas de agredirem os guardas, invertendo os papéis e desviando a responsabilidade do ocorrido.

Narges Mohamadi, que tem sido uma voz ativa na luta pelos direitos humanos no Irã, foi uma das vítimas da violência desencadeada pelos guardas penitenciários. Após ser agredida, a ativista sofreu um soco no peito, o que resultou em insuficiência respiratória e fortes dores, levando-a a desmaiar no pátio da prisão. Apesar de ter recebido tratamento na enfermaria do presídio, Mohamadi não foi transferida para um hospital, o que tem gerado preocupações sobre seu estado de saúde.

Com uma trajetória marcada por perseguições políticas e problemas de saúde, Narges Mohamadi permanece detida desde novembro de 2021 e acumula uma longa lista de acusações por suas atividades civis. Mesmo diante das adversidades, a ativista continuou a se posicionar publicamente em prol dos direitos humanos, apoiando manifestações e denunciando as violações cometidas pelo regime iraniano.

Organizações de defesa dos direitos humanos vêm alertando para o aumento das penas de morte no país, especialmente após a eleição do presidente Masud Pezeshkian. Recentemente, 29 pessoas foram executadas em prisões próximas a Teerã, gerando preocupações sobre a escalada da violência estatal no Irã. Até o momento, pelo menos 345 pessoas, incluindo 15 mulheres, foram executadas neste ano, conforme dados do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.

Diante desse cenário de repressão e violência, a comunidade internacional e as organizações de direitos humanos têm se mobilizado para denunciar as violações cometidas no Irã e exigir a garantia dos direitos fundamentais de todos os cidadãos, independente de suas convicções políticas. A saga de Narges Mohamadi é um triste reflexo da realidade enfrentada por aqueles que ousam desafiar o regime opressor que impera no país.

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