Movimento negro e parlamentares pedem rejeição da PEC 9/2023 que anistia partidos por descumprimento de cotas raciais.

Nesta segunda-feira (12), durante uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos (CDH), parlamentares e representantes do movimento negro manifestaram sua posição contrária à proposta de emenda à Constituição (PEC) 9/2023, que visa anistiar partidos políticos que deixaram de financiar candidaturas de pessoas pretas e pardas nas eleições. O senador Paulo Paim, presidente do colegiado, destacou a importância de avançar, em vez de retroceder, nas conquistas legislativas já alcançadas. Ele classificou a PEC como “constrangedora” e defendeu um debate mais aprofundado nos próximos dois anos para que o Senado possa modificar a proposta.

Durante a audiência, a deputada Reginete Bispo também expressou críticas à PEC 9/2023, especialmente em relação à destinação dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e do Fundo Partidário para candidaturas negras. Ela enfatizou a importância de estabelecer um piso de 30% para garantir a representatividade adequada, em vez de limitar a presença de candidatos negros a um teto de 30%.

A ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Vera Lúcia Santana Araújo, ressaltou a necessidade dos partidos políticos cumprirem as cotas de candidaturas e recursos previstos para candidatos negros, a fim de garantir uma representação mais justa e equitativa nas casas legislativas.

Representantes de entidades como a Educafro Brasil, Núcleo de Base de Mulheres Negras do PT e Coalizão Negra por Direitos também se posicionaram contra a PEC 9/2023, enfatizando que a proposta representa um retrocesso significativo na luta pela igualdade racial e pela representatividade da população negra na política.

A tramitação da PEC aguarda o relatório do senador Marcelo Castro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com votação prevista para a próxima quarta-feira (14). A sociedade civil e os representantes do movimento negro esperam que o Senado reavalie a proposta e promova um debate mais amplo e inclusivo para garantir a efetiva participação e representação da população negra no cenário político brasileiro.

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