Piloto acusa empresa de pressionar por jornadas extenuantes, aumentando risco de acidentes em queda de avião em Vinhedo.

Na última sexta-feira, um trágico acidente aéreo chocou o Brasil, deixando 62 vítimas fatais. O avião pertencente à Voepass caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo. A empresa já estava envolvida em polêmicas antes mesmo do acidente, conforme foi revelado durante uma audiência pública da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) realizada no mês de junho.

Durante essa audiência, o piloto Luís Cláudio de Almeida fez graves acusações contra a Voepass. Ele afirmou que a empresa estava pressionando os pilotos a trabalharem fora da escala de trabalho e nos seus dias de folga. Essa prática, segundo Almeida, causava fadiga e aumentava o risco de acidentes. “Não queremos fazer parte dessas estatísticas”, desabafou o piloto na ocasião.

A Voepass, por sua vez, em resposta ao jornal Estadão, afirmou que seguia todos os requisitos legais referentes à jornada e folgas dos pilotos, incluindo o regulamento brasileiro da Aviação Civil RBAC-117. A empresa disse que cumpria com as normas estabelecidas e contestou as acusações feitas por Almeida.

De acordo com o piloto, a empresa chegava ao ponto de ligar para ele durante seus períodos de descanso, pressionando-o a aceitar voos extras. Almeida se recusava a realizar esses voos, pois sua escala de trabalho indicava que não deveria comparecer, mas a empresa insistia. Essa pressão e falta de respeito com os limites de descanso dos pilotos era algo recorrente, conforme Almeida relatou.

Além da sobrecarga de trabalho, Almeida apontou outras falhas da empresa, como a falta de alimentação adequada durante os voos e a ausência de transporte para facilitar o deslocamento até o aeroporto. Essas condições precárias de trabalho poderiam contribuir para o aumento do risco de acidentes aéreos, alertou o piloto.

Embora as investigações relativas à queda do avião em Vinhedo apontem para questões climáticas, como a formação de gelo nas asas, as denúncias feitas por Almeida durante a audiência pública colocam em evidência a importância de garantir a segurança e o bem-estar dos tripulantes. Ações irresponsáveis por parte das empresas aéreas podem ter consequências graves, como a tragédia ocorrida em Vinhedo. A necessidade de uma regulamentação mais rígida e fiscalização eficiente para evitar novos acidentes se torna urgente diante desse cenário.

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