Um levantamento divulgado pela Unesco nesta quinta-feira (15) revelou que ao menos 1,4 milhão de meninas tiveram o acesso à educação negado no Afeganistão desde 2021, quando os talibãs retomaram o poder. Esse número representa um aumento de 300 mil meninas privadas do acesso ao ensino desde abril de 2023, quando o levantamento anterior foi realizado. Os dados são alarmantes e indicam uma situação preocupante para a educação no país.
Essas meninas, que atingiram 12 anos de idade nesse período, agora estão impossibilitadas de frequentar a escola, somando-se às que já estavam fora do sistema de ensino. Isso totaliza 2,5 milhões de meninas afegãs sem acesso à educação, o que representa 80% das meninas em idade escolar no país. Audrey Azoulay, diretora-geral da Unesco, ressaltou que o Afeganistão é o único país do mundo a proibir o acesso à educação para meninas com mais de 12 anos e para mulheres, o que torna a situação ainda mais preocupante.
A Unesco alerta que, em três anos no poder, os talibãs comprometeram décadas de progresso na educação do Afeganistão, colocando em risco o futuro de uma geração inteira. Além disso, a matrícula na escola primária sofreu uma queda drástica nos últimos três anos, passando de 6,8 milhões de estudantes em 2019 para 5,7 milhões em 2022, devido a proibições impostas pelas autoridades.
Diante desse cenário, a Unesco tem buscado alternativas para promover a educação no país, como o treinamento de pessoas para oferecer cursos de alfabetização e o ensino à distância via rádio e televisão. No entanto, a organização ressalta que nada pode substituir a educação presencial em uma sala de aula e que a situação atual no Afeganistão é cada vez mais alarmante, podendo levar a um aumento no trabalho infantil e no casamento precoce. É fundamental que a comunidade internacional permaneça mobilizada para garantir o acesso à educação para todas as meninas e mulheres afegãs.