Número de candidaturas únicas dobrou nas eleições municipais, com 214 municípios tendo apenas um candidato disputando a prefeitura.

Nas eleições deste ano, o Brasil está enfrentando um cenário diferente do habitual, com um aumento significativo no número de municípios que terão apenas um candidato disputando a prefeitura. De acordo com informações da Confederação Nacional de Municípios (CNM), o país passou de 108 cidades com candidaturas únicas em 2020 para 214 municípios com apenas um candidato neste ano. Isso significa que, em algumas localidades, basta apenas um voto para que esse candidato seja eleito prefeito.

Essa é a maior quantidade de candidaturas únicas em eleições dos últimos sete pleitos, desde o ano 2000, conforme levantamento da CNM. O presidente da entidade, Paulo Ziulkoski, aponta que os desafios de concorrer nas pequenas cidades podem desestimular as pessoas a se candidatarem às prefeituras locais, devido à falta de recursos financeiros, apoio técnico, questões burocráticas e entraves jurídicos.

A média populacional dos municípios com candidato único é de 6,7 mil habitantes, com destaque para estados como Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso, que lideram o ranking com o maior número de candidaturas únicas. Além disso, o total de candidaturas nesta eleição teve uma redução de 20%, passando de 19,3 mil em 2020 para 15,4 mil em 2024.

É importante ressaltar também que houve um aumento no número de municípios com até dois candidatos ao cargo de prefeito, com 53% das cidades brasileiras tendo no máximo dois concorrentes, segundo dados do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc). Isso significa que cerca de 1,6 milhão de brasileiros ficarão sem a opção de escolha nas eleições municipais, enquanto outros 35,7 milhões terão apenas duas opções de candidatos.

A polarização entre esquerda e direita, tão evidente em níveis estaduais e federais, não se manifesta da mesma forma nas disputas municipais, de acordo com análises do Inesc. Os candidatos únicos são, em sua maioria, homens brancos ligados a partidos de direita. Por outro lado, a CNM aponta que a ocupação mais comum entre os candidatos únicos é a de “prefeito”, seguida por “empresário” e “agricultor”, enquanto partidos como MDB, PSD, PP e União dominam as candidaturas únicas.

Portanto, diante desse cenário atípico, as eleições municipais deste ano revelam desafios e peculiaridades que merecem atenção e reflexão por parte dos eleitores e da sociedade em geral.

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