Epidemia de violência letal contra jovens negros no Brasil: mais de 15 mil mortes entre crianças e adolescentes em três anos.

Um estudo recentemente divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou números alarmantes sobre a violência letal e sexual contra crianças e adolescentes no Brasil. Entre 2021 e 2023, o país registrou pelo menos 15.101 mortes violentas intencionais nessa faixa etária, com uma média de 13,5 mortes por dia somente no ano passado. Os dados apontam que os jovens negros do sexo masculino são os mais afetados, representando a maioria das vítimas.

A faixa etária mais vitimada é a dos 15 a 19 anos, onde os garotos correspondem a 92,4% das mortes, enquanto as meninas representam apenas 7,6%. Além disso, 83,6% dos jovens mortos são da raça negra, evidenciando a desigualdade racial nesse cenário. O estudo classifica como morte violenta intencional (MVI) os casos de homicídio doloso, feminicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenção policial.

Durante uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos, foi destacada a gravidade da situação, com os participantes ressaltando a epidemia de violência contra os jovens no país, especialmente os negros. O pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Cauê Martins, enfatizou a necessidade de compreender as diferentes nuances da violência letal que atinge as crianças e adolescentes no Brasil.

Ele alertou para o aumento preocupante de 19,2% no número de MVI entre crianças de 0 a 4 anos, enquanto houve uma redução em outras faixas etárias. O pesquisador também ressaltou a importância de políticas públicas focadas na prevenção da violência e na promoção da educação e do emprego para os jovens negros, a fim de reduzir esses índices alarmantes.

Além disso, a interseccionalidade dos fatores, como raça e gênero, agrava a vulnerabilidade de certos grupos sociais. O papel do Estado, especialmente das forças de segurança pública, também foi questionado, destacando a desproporcionalidade das mortes por ações policiais entre adolescentes.

Diante desse cenário preocupante, é fundamental que medidas eficazes sejam adotadas para proteger a vida e a integridade das crianças e dos adolescentes no Brasil, combatendo a violência de forma ampla e sistêmica. A prevenção, a educação e o investimento em políticas públicas são chaves para reverter esse quadro e garantir um futuro mais seguro e justo para a juventude do país.

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