Reitor do CNE da Venezuela denuncia irregularidades na eleição presidencial e falta de transparência na votação de Julho

Quase um mês após a eleição presidencial na Venezuela, um dos reitores do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) vinculado à oposição fez declarações contundentes sobre a votação ocorrida em 28 de julho. Juan Carlos Delpino Boscán revelou que não compareceu à Sala de Totalização dos votos do CNE, alegando falta de evidências que confirmem a vitória de Nicolás Maduro. Além disso, ele denunciou irregularidades, falta de transparência e a suspensão de auditorias previamente agendadas.

Em uma nota divulgada em uma rede social, Boscán explicou que sua decisão de não subir à sala de totalização foi motivada por irregularidades que presenciou durante o processo. Ele mencionou o despejo de testemunhas em vários centros eleitorais, a falta de transmissão do código QR para os dados dos comandos e a suposta falta de resolução de um ataque hacker. Essas situações levaram Boscán a não participar do anúncio do boletim que declarava a vitória de Maduro com 80% das urnas apuradas.

O reitor do CNE ligado à oposição concedeu uma entrevista ao jornal New York Times, onde afirmou não ter recebido evidências que confirmem a vitória de Maduro. Vale ressaltar que o CNE possui cinco membros principais, sendo dois deles ligados à oposição, como parte dos acordos estabelecidos entre governo e oposição para as eleições deste ano.

Boscán divulgou um extenso comunicado em que detalhou as irregularidades observadas no dia da votação, criticando a falta de transparência no processo e a suspensão das auditorias programadas. Ele destacou que, mesmo após mais de 20 anos de experiência no CNE, a jornada eleitoral apresentou relativamente poucas incidências até às 17h do dia da eleição.

O reitor também abordou a questão do não cumprimento do artigo 125 da Lei Orgânica dos Processos Eleitorais da Venezuela, que determina a publicação dos resultados em até 30 dias após a proclamação do vencedor. A demora nessa divulgação resultou na suspensão de auditorias previamente previstas, prejudicando a transparência do processo eleitoral.

Em meio a esse impasse, o governo de Nicolás Maduro acusa parte da oposição de não aceitar os resultados oficiais e de tentar promover um golpe de Estado. Por outro lado, a oposição afirma possuir atas eleitorais que indicam a vitória de Edmundo González, enquanto o Ministério Público investiga a possível falsificação de algumas dessas atas. A situação política na Venezuela permanece tensa e polarizada, com ambos os lados mantendo suas posições firmes.

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