Um exemplo dessas condições precárias vivenciadas pelos trabalhadores imigrantes é o caso de Fosir Mia, que deixou Bangladesh em busca de uma vida melhor como eletricista na Arábia Saudita, mas acabou trabalhando no carregamento de material de construção por um salário miserável. Após jornadas exaustivas de 13 horas em uma obra nos arredores de Riade, Fosir retornava a um quarto compartilhado com outros 11 imigrantes.
Em uma denúncia chocante, Fosir revelou que sete dos 17 meses em que trabalhou no país nunca foram pagos. Descrevendo um ambiente de trabalho hostil, ele relatou ter presenciado chefes de obra agredindo outros funcionários.
As condições de trabalho dos imigrantes na Arábia Saudita têm sido alvo de críticas frequentes por parte de defensores dos direitos humanos, que temem que, com a realização da Copa do Mundo em 2034, os casos de abuso no setor da construção se agravem. A promessa de construção de onze novos estádios pela monarquia petrolífera mobilizaria centenas de milhares de trabalhadores, segundo informações de sindicatos locais.
A candidatura saudita representa uma oportunidade para reformas sociais no país, segundo a ONG Equidem, sediada em Londres. Caso essas reformas não sejam implementadas, milhares de trabalhadores correrão riscos de sofrer condições de escravidão e até morte devido ao calor extremo e às condições perigosas de trabalho.
A Arábia Saudita, assim como outros países do Golfo, impõe aos estrangeiros um sistema de trabalho chamado ‘kafala’, que restringe a liberdade de mudar de emprego ou deixar o país sem a permissão do empregador. Apesar de alguns esforços em flexibilizar esse sistema em 2021, ainda há uma urgente necessidade de melhorias nas condições de trabalho dos imigrantes no país.
Portanto, é fundamental que a Arábia Saudita adote medidas significativas para garantir o respeito aos direitos trabalhistas e a segurança dos imigrantes, especialmente diante da iminente preparação para sediar um evento de grande porte como a Copa do Mundo de 2034. Os olhos do mundo estarão voltados para as ações e políticas adotadas pelo país, a fim de assegurar que os trabalhadores imigrantes sejam tratados com dignidade e respeito.