Ministério talibã corta laços com a ONU devido a protestos por proibição de mulheres cantarem em público no Afeganistão.

O Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício (PVPV) no regime talibã decidiu suspender sua cooperação com a Missão de Assistência das Nações Unidas no Afeganistão (Unama) devido a críticas e preocupações sobre uma nova legislação que restringe os direitos das mulheres afegãs.

Segundo o comunicado divulgado na última sexta-feira (30), o ministério considerará a Unama como uma parte contrária e não prestará mais apoio ou cooperação com a organização internacional. Esta decisão foi tomada após a Unama expressar preocupações sobre uma nova lei que obriga as mulheres afegãs a cobrirem seus rostos e corpos ao sair de casa, além de proibir que suas vozes sejam ouvidas em público, impossibilitando-as de cantar ou recitar poesias.

O relator especial para os direitos humanos no Afeganistão, Richard Bennett, classificou essa nova legislação como um retrocesso e foi proibido pelos talibãs de entrar no país na semana passada. Segundo o porta-voz do Executivo, Zabihullah Mujahid, Bennett foi vetado por supostamente espalhar propaganda e não ser confiável.

Desde que os talibãs retornaram ao poder em 2021, eles impuseram a lei islâmica de forma rigorosa, restringindo severamente a liberdade das mulheres afegãs e excluindo-as cada vez mais dos espaços públicos. Essas restrições têm gerado críticas da comunidade internacional, incluindo a União Europeia, que alertou que a nova lei cria mais obstáculos para a normalização das relações entre o Afeganistão e os países-membros do bloco.

Essa legislação, que visa promover a virtude e prevenir o vício, estabelece proibições amplas que controlam todos os aspectos da vida dos afegãos, tanto social quanto privado. As sanções previstas para quem desrespeitar a lei incluem advertências, multas e até mesmo prisões preventivas.

Diante desse cenário, a ONU descreveu as restrições impostas às mulheres afegãs como um “apartheid de gênero”. A comunidade internacional segue atenta às violações dos direitos das mulheres no Afeganistão e continua pressionando o regime talibã a respeitar os direitos humanos e a liberdade das mulheres no país.

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