Repórter Recife – PE – Brasil

Rose Bispo, quilombola e capoeirista, narra sua jornada de autoaceitação e luta contra o preconceito em Paracatu.

Rose Bispo, uma mulher negra e quilombola de 47 anos, compartilhou sua jornada de autodescoberta e aceitação de suas origens. Ela revelou que o processo de reconhecimento de sua identidade teve um preço alto, mas que agora se sente conectada e responsável por preservar suas raízes.

Descobrindo pertencer às comunidades de Porto Pontal e dos Bagres, ambas remanescentes de quilombos em Paracatu, Rose se emociona ao lembrar do momento em que percebeu a importância de sua herança. Ela se tornou curadora da Feira de Economia Criativa na segunda edição do Festival Literário Internacional de Paracatu, uma oportunidade para os artesãos e empreendedores locais mostrarem seus talentos.

Apesar dos avanços, como a criação do Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, Rose destaca que ainda existe resistência e preconceito em relação à comunidade quilombola. No entanto, ela se alegra ao ver a juventude quilombola se empoderando e valorizando sua identidade.

Valeria Ferreira Gomes, conhecida como Val, é um exemplo desse empoderamento. A trancista de 35 anos aprendeu a arte das tranças em casa e hoje se dedica a empoderar mulheres com seu trabalho. Comemorando sua participação na feira e a quebra de tabus ao ocupar espaços considerados de elite na cidade, Val destaca a importância de sua cultura naquele contexto.

Outro projeto que saiu do quilombo São Domingos para ganhar destaque na cidade foi a Fábrica de Biscoitos, criada para gerar renda para mulheres quilombolas. Janaína Lopes de Moura, que faz parte desse projeto, expressa sua gratidão por poder trabalhar perto de seus filhos e transmitir a cultura da caretagem, dança de origem africana, para as gerações futuras.

A história e a diversidade de Paracatu são reconhecidas por escritores como Itamar Vieira Júnior, que enxerga na cidade um importante capítulo da história do Brasil. Ele destaca a presença marcante da herança da diáspora e da formação do país em todos os lugares, ressaltando a importância de valorizar e preservar essas raízes.

Rose Bispo se coloca como uma das vozes que ecoam a cultura quilombola, o hip hop, a capoeira e a dança afro, mas enfatiza que a luta pela valorização dessas comunidades não é exclusiva dela. Ela acredita na união de esforços de diversas pessoas engajadas nessa causa para garantir que a ancestralidade e a história não se percam ao longo do tempo.

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