Novo acordo de reparação dos danos da barragem de Mariana será finalmente assinado em outubro, afirma presidente Lula

Em uma entrevista à Rádio Vitoriosa, de Uberlândia, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que um novo acordo de reparação dos danos causados no rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana (MG), está previsto para ser assinado em outubro deste ano. O desastre ocorreu em 2015 e resultou na morte de 19 pessoas, além de causar impactos ambientais irreparáveis na Bacia do Rio Doce, entre Minas Gerais e o Espírito Santo. A Samarco é controlada pela Vale e pela BHP Billinton, empresas responsáveis pelo incidente.

Lula ressaltou que o processo de negociação se estendeu por dez anos, com tentativas anteriores de acordo e decisões judiciais sem cumprimento por parte da Vale. Ele expressou esperança de que a nova direção da empresa seja mais cuidadosa e focada no desenvolvimento, em contraste com a gestão atual, que estaria mais interessada na venda de ativos do que na realização de novas pesquisas e na exploração de novos minerais. O ex-presidente afirmou que até o início de outubro o acordo deve ser finalizado, visando a recuperação dos danos causados e o cuidado com as comunidades afetadas.

Após mais de oito anos do desastre, considerado o maior acidente ambiental envolvendo o setor de mineração no Brasil, as mineradoras e as autoridades ainda não conseguiram chegar a um consenso para a reparação dos danos causados. O rompimento da barragem liberou 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério, provocando a morte de dezenove pessoas e deixando um rastro de destruição ao longo da Bacia do Rio Doce, chegando até a foz no Espírito Santo.

A renegociação atual visa resolver mais de 80 mil processos judiciais acumulados, que questionam questões como a autonomia da Fundação Renova, responsável pela gestão dos programas de reparação, os atrasos na reconstrução das comunidades atingidas, os valores indenizatórios e a exclusão de parte dos afetados. As autoridades federais e estaduais rejeitaram uma proposta de R$ 90 bilhões apresentada pelas mineradoras, solicitando compensações que totalizem R$ 109 bilhões.

Recentemente, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) divulgou uma carta aberta ao presidente Lula pedindo a rejeição da proposta das mineradoras e uma reparação integral para as vítimas do desastre de Mariana. O movimento destaca a importância de considerar as necessidades das famílias afetadas e critica os interesses especulativos das empresas envolvidas. Para o MAB, o valor do acordo deve ser significativamente maior do que o proposto, considerando as indenizações buscadas no exterior pelas vítimas de outros desastres provocados pelas mineradoras.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo