Lula ressaltou que o processo de negociação se estendeu por dez anos, com tentativas anteriores de acordo e decisões judiciais sem cumprimento por parte da Vale. Ele expressou esperança de que a nova direção da empresa seja mais cuidadosa e focada no desenvolvimento, em contraste com a gestão atual, que estaria mais interessada na venda de ativos do que na realização de novas pesquisas e na exploração de novos minerais. O ex-presidente afirmou que até o início de outubro o acordo deve ser finalizado, visando a recuperação dos danos causados e o cuidado com as comunidades afetadas.
Após mais de oito anos do desastre, considerado o maior acidente ambiental envolvendo o setor de mineração no Brasil, as mineradoras e as autoridades ainda não conseguiram chegar a um consenso para a reparação dos danos causados. O rompimento da barragem liberou 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério, provocando a morte de dezenove pessoas e deixando um rastro de destruição ao longo da Bacia do Rio Doce, chegando até a foz no Espírito Santo.
A renegociação atual visa resolver mais de 80 mil processos judiciais acumulados, que questionam questões como a autonomia da Fundação Renova, responsável pela gestão dos programas de reparação, os atrasos na reconstrução das comunidades atingidas, os valores indenizatórios e a exclusão de parte dos afetados. As autoridades federais e estaduais rejeitaram uma proposta de R$ 90 bilhões apresentada pelas mineradoras, solicitando compensações que totalizem R$ 109 bilhões.
Recentemente, o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) divulgou uma carta aberta ao presidente Lula pedindo a rejeição da proposta das mineradoras e uma reparação integral para as vítimas do desastre de Mariana. O movimento destaca a importância de considerar as necessidades das famílias afetadas e critica os interesses especulativos das empresas envolvidas. Para o MAB, o valor do acordo deve ser significativamente maior do que o proposto, considerando as indenizações buscadas no exterior pelas vítimas de outros desastres provocados pelas mineradoras.