Repórter Recife – PE – Brasil

Salário de professores no Brasil é 47% menor que a média da OCDE, aponta relatório Education at a Glance

A nova edição do relatório Education at a Glance trouxe à tona uma série de desafios enfrentados pelos professores brasileiros. Dentre os problemas destacados, encontra-se o fato de que o salário inicial dos docentes de ensino médio no Brasil é 47% abaixo da média dos países pertencentes à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Além disso, a quantidade de estudantes por professor nas salas de aula da educação básica no Brasil é superior à média da OCDE, com cerca de 22 a 23 alunos por docente, enquanto nos países integrantes da OCDE esse número varia entre 13 e 14 alunos.

Outro ponto preocupante é o investimento em educação realizados pelo Brasil em 2021, que foi inferior a um terço da média das economias mais desenvolvidas membros da OCDE. Durante o período entre 2015 e 2021, o investimento brasileiro na educação, considerando desde a educação básica até o ensino superior, apresentou uma queda média de 2,5% ao ano, ao passo que a média dos países da OCDE registrou um aumento de 2,1% ao ano no mesmo período.

Os dados divulgados pela OCDE são uma análise comparativa dos principais indicadores internacionais ligados à educação, fornecidos pelos países participantes. Enquanto economias desenvolvidas como Alemanha, EUA e Japão estão entre os membros, países emergentes como Turquia e México também participam. O Brasil e a Argentina fazem parte do levantamento como convidados.

Em relação aos investimentos por aluno na educação básica, o Brasil investiu em média R$ 18 mil por aluno em 2021, uma cifra que se posiciona acima apenas dos investimentos realizados por Turquia, África do Sul e México. Costa Rica, Chile, Argentina e os países membros da OCDE estão acima do Brasil nesse quesito. Apesar das discrepâncias nos valores investidos por aluno, o Brasil apresenta uma proporção de gasto público em educação similar à média dos países da OCDE, correspondendo a 10,6% do Orçamento.

A presidente-executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz, atribui os números apresentados no relatório a duas crises econômicas, a recessão de 2014 e 2015, durante o governo de Dilma Rousseff, e a provocada pela pandemia em 2020. Segundo Cruz, apesar de um aumento nos gastos não ser garantia de melhoria na qualidade da aprendizagem, o país enfrenta uma situação de subfinanciamento, evidenciando que mais recursos poderiam gerar benefícios significativos se bem empregados e com uma gestão eficiente.

A redução do número de alunos por professor é uma das medidas necessárias para melhorar a qualidade do ensino, porém, a formação de docentes de melhor qualidade também se faz essencial para assegurar que a atenção individualizada resulte em um efetivo aprendizado. Apesar dos desafios, o levantamento apontou melhoras no país, como o aumento dos gastos na primeira infância e a redução do número de jovens que não estudam nem trabalham. Esses avanços, mesmo que graduais, sinalizam uma perspectiva otimista em relação ao futuro da educação no Brasil.

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