O levantamento levou em consideração a quantidade de viagens, tanto em transporte público como em outros meios, que seriam poupadas com a destinação de habitações vazias e terrenos desocupados no centro de São Paulo. No total, foram identificados 87 mil domicílios não ocupados na região, com potencial para 200 mil moradias, incluindo imóveis ociosos e terrenos desocupados equivalentes a 2,5 milhões de metros quadrados.
O coordenador da pesquisa, Rodrigo Iacovini, ressaltou que a destinação social desses imóveis não apenas contribuiria para a redução das emissões de gases, mas também traria bem-estar e dignidade às famílias de baixa renda. Ele destacou que cumprir a legislação brasileira nesse sentido permitiria melhorar significativamente a qualidade de vida dessas famílias, oferecendo mais tempo para lazer, convívio familiar, educação e mitigação dos efeitos da crise climática.
Para viabilizar essa destinação, Iacovini sugere a redução do investimento em novas moradias nas cidades em prol da construção ou reforma de unidades habitacionais no centro. Além disso, ele aponta possíveis fontes de financiamento, como a taxação de grandes fortunas, a diminuição do subsídio de áreas com alto impacto ambiental e a pressão por parte de países desenvolvidos com grande impacto climático.
A prefeitura de São Paulo já tomou medidas nesse sentido, anunciando a desapropriação dos cinco primeiros imóveis na região central para transformação em moradia de interesse social. Desde 2021, mais de 48 mil moradias populares foram licenciadas pela prefeitura, com um programa de incentivo fiscal e urbanístico para a recuperação de prédios antigos no centro da cidade.
Por outro lado, o governo estadual também tem investido em melhorias para o centro da capital, com projetos de construção de novas moradias e retrofit de unidades existentes. No total, estão previstos investimentos de R$ 2,4 bilhões, sendo cerca de R$ 600 milhões provenientes do estado.
Diante dessas informações, é evidente que a destinação de imóveis desocupados para pessoas de baixa renda não só contribui para a redução das emissões de gases do efeito estufa, mas também promove uma melhoria significativa na qualidade de vida dessas famílias, cumprindo com as leis e promovendo um desenvolvimento mais sustentável e inclusivo na cidade de São Paulo.