Estudos recentes estão desvendando mistérios intrigantes sobre as mudanças que ocorrem no cérebro durante a gravidez. Um novo estudo, divulgado na revista científica Nature Neuroscience nesta segunda-feira (16), conseguiu documentar as alterações cerebrais por meio de ressonância magnética durante a gravidez de uma mulher.
Pesquisas anteriores já haviam mostrado que certas redes cerebrais, especialmente as relacionadas ao processamento social e emocional, diminuem durante a gravidez. Essas mudanças estão ligadas a picos de hormônios, como o estrogênio, e algumas delas perduram por pelo menos dois anos após o parto.
No entanto, a nova pesquisa vai além, confirmando os resultados anteriores e acrescentando detalhes importantes. Por exemplo, foi observado que as fibras da substância branca apresentavam uma maior capacidade de transmitir sinais de forma eficaz entre as células cerebrais durante a gravidez, uma mudança que desapareceu após o nascimento do bebê.
A neurocientista Elseline Hoekzema, que liderou estudos anteriores sobre o tema, destaca a importância do mapeamento detalhado realizado neste estudo. Segundo ela, as mudanças no cérebro durante a gravidez são complexas e podem ser tanto duradouras quanto transitórias.
Outro ponto interessante é que as alterações cerebrais observadas durante a gravidez estão relacionadas à forma como o cérebro e o corpo da mãe reagem ao bebê. Essas modificações podem influenciar o vínculo materno-fetal, o comportamento de nidificação e até mesmo a resposta fisiológica ao ver um bebê.
Os pesquisadores acreditam que estudar as mudanças cerebrais durante a gravidez pode trazer insights valiosos sobre condições como a depressão pós-parto e os efeitos neurológicos da pré-eclâmpsia. Ainda há muito a ser explorado nesse campo, mas os avanços recentes são promissores e podem ajudar a entender melhor como o corpo e a mente se adaptam durante essa fase tão especial da vida das mulheres.