Aos 43 anos, Yessica relata os esforços incessantes para garantir a soltura de seu irmão, que está detido há sete meses em meio a uma onda de prisões arbitrárias promovidas pelo governo salvadorenho. O drama familiar se amplia com a tragédia do irmão Carlos Alfonso, vítima fatal da violência das gangues cinco anos atrás.
Com a saúde fragilizada de Leonel, que sofre de epilepsia, Yessica teme que ele não sobreviva à dura realidade carcerária. As incertezas e a tortura psicológica que a costureira enfrenta são amplificadas pelas estatísticas alarmantes: 82.000 salvadorenhos estão detidos sob o regime de emergência, em uma suposta estratégia de redução de homicídios no país.
No entanto, organizações de direitos humanos como a Socorro Jurídico Humanitário apontam para abusos e detenções indiscriminadas, sobretudo de pessoas inocentes. O sofrimento de Yessica ecoa nas denúncias de violações de direitos humanos nas prisões salvadorenhas, que relatam mortes, torturas e superlotação.
O testemunho de Fidel Antonio Zavala, empresário que foi preso injustamente e relata atrocidades na prisão, corrobora com as denúncias de violações sistêmicas. A luta da Socorro Jurídico e a iminente denúncia à Comissão Interamericana de Direitos Humanos evidenciam a busca por justiça em meio ao silêncio e à impunidade que permeiam o sistema judiciário de El Salvador.
A história de Yessica Mercedes é um retrato doloroso da dor, da injustiça e da fragilidade dos direitos humanos em um país dilacerado pela violência e pela arbitrariedade governamental. Enquanto a costureira clama pela liberdade de seu irmão, a sociedade civil e as organizações internacionais seguem denunciando as violações de direitos que assolam El Salvador.