Repórter Recife – PE – Brasil

Forças de segurança são acusadas de atuar como segurança privada em Terra Indígena no MS, segundo secretário do Cimi

No cenário conturbado da Terra Indígena (TI) Nhanderu Marangatu, localizada em Antônio João (MS), a atuação das forças de segurança pública tem sido questionada pelo secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Luis Ventura. Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, Ventura denuncia que os agentes de segurança que atuam na região têm se comportado como uma segurança privada, atendendo a interesses particulares e desviando-se de sua função primordial de proteger a comunidade.

A violência recente na região ganhou destaque após a execução do jovem Neri Guarani Kaiowá, com apenas 23 anos, atingido fatalmente por um disparo na cabeça. Além disso, outros indígenas foram atingidos por balas de borracha e munição letal, levantando suspeitas de que os autor dos disparos sejam policiais militares. Este episódio trágico ecoa o assassinato de Marçal de Souza Tupã’i, importante líder guarani kaiowá, ocorrido há quatro décadas no mesmo território.

Ventura reforça as críticas à Polícia Militar, destacando que a presença dos agentes na área não está respaldada por ordem judicial de despejo ou reintegração de posse. A presença ostensiva da corporação tem gerado tensão e hostilidade, culminando em atos de violência contra os indígenas. A Fazenda Barra, objeto de disputa na região, é associada a Roseli Ruiz, que insiders apontam como responsável por manter a presença policial no local.

O secretário do Cimi ressalta a interferência prejudicial da Polícia Militar na cena do crime, ao manipular o corpo da vítima. A demora do Estado em garantir os direitos territoriais dos povos indígenas é apontada como fator contribuinte para a escalada da violência. Diante desse cenário alarmante, a Comissão Arns lançou uma nota de repúdio, denunciando a violência contra os indígenas e demandando ações urgentes por parte das autoridades.

Por outro lado, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul negou a existência de uma ordem de reintegração de posse na região de Antônio João. Enquanto isso, a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) enviou um ofício ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, solicitando a suspensão das operações policiais na TI Nhanderu Marangatu e a abertura de um inquérito para investigar os recentes acontecimentos.

Diante da complexidade e sensibilidade do caso, a sociedade aguarda respostas e ações concretas por parte das autoridades competentes, visando garantir a segurança e os direitos dos povos indígenas da região, que enfrentam uma situação insustentável de violência e violação de direitos.

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