Capitão Lisboa foi considerado um dos mais violentos torturadores do regime militar, tendo atuado ao lado de Carlos Alberto Brilhante Ustra, então major das Forças Armadas e primeiro militar condenado pela prática de tortura em 2008. Ambos trabalharam juntos no Doi-Codi, local de práticas clandestinas de tortura em São Paulo, onde Araújo exerceu suas crueldades.
O relatório da Comissão Nacional da Verdade aponta que o Capitão Lisboa foi responsável por crimes de tortura, execução e desaparecimento forçado, tendo atuado no órgão de abril a outubro de 1971. Mesmo diante das acusações e evidências apresentadas, o policial negou os crimes em seu depoimento à Comissão.
Dentre os casos que constam nas acusações contra o delegado aposentado estão as mortes de Aylton Adalberto Mortati e Joaquim Alencar de Seixas, além da tortura de Ivan, filho de Seixas, e outros membros da família. Em 1981, Araújo chegou a receber a Medalha do Pacificador do Exército, e, posteriormente, em 2012, sua empresa de segurança privada em São Paulo foi alvo de protestos por parte do Levante Popular da Juventude.
A morte de Capitão Lisboa ocorre em meio à retomada dos trabalhos da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, que após ter sido interrompida em 2022, foi reinstalada recentemente graças aos esforços do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania e do Governo Federal. A Comissão, criada em 1995, busca analisar casos de abusos e violências do período militar, reconhecendo mortes e promovendo o pagamento de indenizações às famílias das vítimas, buscando assim trazer justiça e memória aos anos sombrios da ditadura no Brasil.