Repórter Recife – PE – Brasil

Redução drástica de homicídios em Rosário levanta suspeitas de acordos com grupos criminosos e divide opiniões dos moradores.

Rosário, conhecida como a “capital narco” da Argentina, vive um cenário de redução drástica nos índices de homicídios desde o início do ano. Essa mudança é celebrada pelo governo local, mas especialistas levantam suspeitas sobre possíveis acordos com grupos criminosos, enquanto os moradores mantêm um olhar desconfiado diante desse panorama.

Durante a última década, Rosário foi considerada a cidade mais violenta da Argentina, chegando a registrar picos de assassinatos que se mantiveram estáveis ao longo dos anos. No entanto, uma reviravolta nessa realidade começou a se desenhar após a posse do presidente ultraliberal Javier Milei e a entrada de um novo governador em Santa Fé, a província onde Rosário está localizada, Maximiliano Pullaro.

Os dois primeiros meses de governo de Pullaro foram marcados por cerca de 30 ameaças recebidas de organizações criminosas devido ao endurecimento das condições de detenção de seus líderes presos. Esse cenário de tensão atingiu seu ápice em março, quando traficantes ordenaram ataques a cidadãos comuns, resultando na morte de quatro pessoas. Desde então, os índices de homicídios despencaram.

De acordo com um relatório do Ministério de Segurança Nacional, os homicídios em Rosário tiveram uma redução de 62% entre janeiro e agosto em comparação com o mesmo período do ano anterior. A ministra Patricia Bullrich comemorou o fato, destacando que a cidade registra o menor número de assassinatos em 17 anos.

Por outro lado, alguns moradores, como Sandra Arce, expressam descrença diante das estatísticas positivas. Para ela, apesar da presença policial mais intensa, a violência continua presente nas ruas, com relatos de roubo, agressões e tiroteios. No entanto, ela reconhece pontos positivos, como a eliminação de pontos de venda de drogas próximos a locais comunitários.

Neste contexto, surgem questionamentos de especialistas, como Marcelo Sain, que levanta a hipótese de um possível pacto entre o Estado e os grupos criminosos para conter a violência. Ariel Larroude, do Observatório de Política Criminal da Universidade de Buenos Aires, também considera estranha a queda abrupta nos índices de homicídios, apontando a possibilidade de acordos tácitos entre as autoridades e as gangues.

A atmosfera de desconfiança e incerteza paira sobre Rosário, enquanto as autoridades locais comemoram os resultados da redução da violência, levantando questionamentos e debates sobre os reais motivos por trás desse cenário. Este é um tema que certamente continuará a ser discutido e investigado por especialistas e pela população local.

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