Estudo mapeia mil pontos de escorregamento de solo em São Sebastião após tragédia causada pelas chuvas de 2013.

Um inventário realizado por pesquisadores dos institutos de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) e de Geociências (IGc) da Universidade de São Paulo (USP) revelou a existência de mil pontos de escorregamento de solo na cidade de São Sebastião, localizada no litoral norte de São Paulo. O levantamento foi elaborado a partir de imagens aéreas capturadas logo após um trágico evento decorrente das intensas chuvas ocorridas em fevereiro de 2013, que resultaram na morte de 64 pessoas.

Os resultados desse mapeamento foram publicados no Brazilian Journal of Geology e estarão disponíveis no repositório de publicações e informações de acesso aberto chamado Zenodo. Em entrevista à Agência Brasil, o coordenador do projeto e professor do IAG/USP, Carlos Henrique Grohmann, destacou que a maioria dos pontos de escorregamento está localizada em áreas não urbanas, porém sua identificação é fundamental para orientar a implementação de políticas públicas na região.

O evento climático adverso ocorrido em fevereiro de 2013 foi caracterizado por 683 milímetros de chuva em menos de 15 horas, o que equivale a metade do esperado para um verão inteiro. Grohmann explicou que as chuvas intensas e concentradas saturaram o solo, o que resultou nos escorregamentos em áreas urbanas e não habitadas.

Os deslizamentos são eventos geológicos comuns em regiões montanhosas, sobretudo em áreas de clima tropical, como na Serra do Mar, onde São Sebastião está situada. O projeto desenvolvido pela USP busca mapear áreas propensas a deslizamentos em ambientes naturais, uma vez que as zonas urbanas já foram identificadas como áreas de risco.

A precisão do mapeamento deverá ser aprimorada graças a uma parceria com o Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo, com apoio da Fapesp, que possibilitará o uso da tecnologia LiDAR para a realização do mapeamento da cidade. Essa tecnologia utiliza um sensor laser acoplado a um avião ou helicóptero, permitindo a obtenção de dados com alta precisão.

Em São Sebastião, um levantamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) indicou que o município possuía cerca de 2,2 mil residências em 21 áreas de risco de deslizamento em 2018. A prefeitura, em nota, ressaltou a importância de colaborar com estudos realizados pela USP e informou sobre a realização de ações preventivas para evitar novas tragédias, como a atualização das áreas de risco e a realização de simulados de evacuação.

Além disso, a parceria com o governo estadual possibilitou a implantação de uma sirene na Vila Sahy, bairro mais afetado pela catástrofe de 2013, e a instalação de uma estação meteorológica em Ilhabela. A prefeitura também destacou iniciativas de educação preventiva nas escolas e a implementação do programa Defesa Civil Alerta, em parceria com o governo federal, visando a segurança da população diante de desastres climáticos iminentes.

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