Os resultados desse mapeamento foram publicados no Brazilian Journal of Geology e estarão disponíveis no repositório de publicações e informações de acesso aberto chamado Zenodo. Em entrevista à Agência Brasil, o coordenador do projeto e professor do IAG/USP, Carlos Henrique Grohmann, destacou que a maioria dos pontos de escorregamento está localizada em áreas não urbanas, porém sua identificação é fundamental para orientar a implementação de políticas públicas na região.
O evento climático adverso ocorrido em fevereiro de 2013 foi caracterizado por 683 milímetros de chuva em menos de 15 horas, o que equivale a metade do esperado para um verão inteiro. Grohmann explicou que as chuvas intensas e concentradas saturaram o solo, o que resultou nos escorregamentos em áreas urbanas e não habitadas.
Os deslizamentos são eventos geológicos comuns em regiões montanhosas, sobretudo em áreas de clima tropical, como na Serra do Mar, onde São Sebastião está situada. O projeto desenvolvido pela USP busca mapear áreas propensas a deslizamentos em ambientes naturais, uma vez que as zonas urbanas já foram identificadas como áreas de risco.
A precisão do mapeamento deverá ser aprimorada graças a uma parceria com o Instituto Geográfico e Cartográfico de São Paulo, com apoio da Fapesp, que possibilitará o uso da tecnologia LiDAR para a realização do mapeamento da cidade. Essa tecnologia utiliza um sensor laser acoplado a um avião ou helicóptero, permitindo a obtenção de dados com alta precisão.
Em São Sebastião, um levantamento do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) indicou que o município possuía cerca de 2,2 mil residências em 21 áreas de risco de deslizamento em 2018. A prefeitura, em nota, ressaltou a importância de colaborar com estudos realizados pela USP e informou sobre a realização de ações preventivas para evitar novas tragédias, como a atualização das áreas de risco e a realização de simulados de evacuação.
Além disso, a parceria com o governo estadual possibilitou a implantação de uma sirene na Vila Sahy, bairro mais afetado pela catástrofe de 2013, e a instalação de uma estação meteorológica em Ilhabela. A prefeitura também destacou iniciativas de educação preventiva nas escolas e a implementação do programa Defesa Civil Alerta, em parceria com o governo federal, visando a segurança da população diante de desastres climáticos iminentes.