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Justiça na Rússia: Juiz que condenou jornalista americano por “espionagem” admite falta de “provas materiais” durante julgamento

O jornalista americano Evan Gershkovich foi condenado a 16 anos de prisão por espionagem na Rússia, mas foi posteriormente libertado em uma troca de prisioneiros. A reviravolta nesse caso veio com a revelação de que o juiz responsável pela condenação não examinou nenhuma prova material durante o julgamento.

Evan Gershkovich, que trabalhava para o Wall Street Journal, sempre negou as acusações de espionagem, assim como sua família e o governo dos EUA, que afirmaram que a Rússia nunca apresentou provas claras contra o jornalista.

O repórter foi preso em março de 2023 enquanto realizava uma reportagem em Ural e foi rapidamente condenado em julho, em um julgamento realizado a portas fechadas. O juiz Andrei Mineyev admitiu que a rapidez do processo se deu pela falta de provas materiais apresentadas no tribunal.

Durante uma palestra pública em Ekaterinburg, cidade onde Gershkovich foi preso e condenado, Mineyev explicou que não houve solicitação de apresentação de provas durante o julgamento. O caso era composto apenas pelo depoimento de duas testemunhas e o arquivo não era extenso.

Mineyev admitiu que a condenação de Gershkovich foi um dos vereditos mais rápidos de sua carreira e brincou dizendo que sua agilidade se devia ao fato de digitar rápido no teclado do computador. O jornalista foi libertado em agosto como parte de uma troca de prisioneiros entre Moscou e o Ocidente.

O juiz assegurou que não teve nenhuma informação prévia sobre a troca de prisioneiros e não sofreu pressão para libertar Gershkovich. A revelação dos bastidores desse caso polêmico coloca em xeque a transparência do sistema judicial russo e levanta questionamentos sobre a verdadeira base das acusações de espionagem contra o jornalista americano.

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