A Microsoft é uma das empresas de tecnologia dos Estados Unidos que está começando a oferecer benefícios relacionados à reprodução assistida aos seus funcionários no Brasil. Essa é uma tendência recente no mercado brasileiro, que visa apoiar os funcionários em suas decisões de planejamento familiar.
Micheletti, diretor de vendas na Microsoft, conta que a empresa facilitou a realização desse sonho e que a família ficou surpresa com essa oferta. Além disso, ele também terá direito a uma licença de seis meses após o nascimento do filho. Essa experiência tem sido maravilhosa e mudou suas vidas.
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Paulo Sardinha, oferecer benefícios relacionados à reprodução assistida vai além de simplesmente ajudar os funcionários, é uma proposta de conciliar a realização pessoal com o projeto de carreira.
Atualmente, os custos para congelar óvulos no Brasil chegam em média a R$ 24 mil, sem contar o custo anual de manutenção que varia entre R$ 1 mil e R$ 2 mil. A fertilização in vitro custa entre R$ 15 mil a R$ 20 mil, sem incluir medicamentos.
Algumas empresas no Brasil chegam a pagar 100% dos procedimentos de reprodução assistida. No entanto, no caso do congelamento de óvulos, a taxa de manutenção fica a cargo da funcionária. A ajuda financeira pode ser oferecida através do plano de saúde da empresa ou por meio de reembolso.
Empresas como o Mercado Livre e a PepsiCo têm políticas de reembolso que auxiliam suas funcionárias no custeio dos procedimentos. O Mercado Livre já beneficiou cerca de 20 mulheres desde 2019, reembolsando até 75% do custo do procedimento. Na PepsiCo, 63 famílias utilizaram o programa da empresa em um ano, recebendo um reembolso anual que pode chegar a R$ 25 mil para tratamentos de fertilidade.
A Meta, empresa responsável pelo Facebook, Instagram e WhatsApp, também oferece benefícios similares, mas não divulgou o percentual de custeio. O benefício é oferecido aos funcionários e seus parceiros através de uma rede de clínicas.
A política de oferecer benefícios relacionados à reprodução assistida faz parte de uma estratégia das empresas para aumentar a satisfação interna e a retenção de talentos. Leticia Dias, diretora de Benefícios na PepsiCo Brasil, destaca que procuram entender as individualidades dos funcionários para oferecer algo que realmente auxilie em suas vidas pessoais e profissionais.
A coordenadora de Análises Clínicas do Grupo Fleury, Mara Elisa Lemo, congelou seus óvulos aos 38 anos. Apesar de solteira e sem uma rede de apoio, ela decidiu fazer o procedimento para ter tranquilidade em relação ao futuro. Ela ainda não sabe se e como utilizará os óvulos, mas agradece o suporte oferecido pela empresa.
Após a pandemia, houve um aumento de 70% no número de mulheres que congelaram seus óvulos em todas as clínicas de reprodução assistida no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Reprodução Assistida. No entanto, esse número ainda é considerado baixo, se comparado à quantidade de mulheres em idade fértil e sem filhos que poderiam se beneficiar desses procedimentos.
Alvaro Pigatto Ceschin, presidente da Associação Brasileira de Reprodução Assistida, destaca que a ajuda financeira das empresas é essencial para impulsionar esse mercado. No Bank of America, por exemplo, 45 funcionários já utilizaram benefícios relacionados à reprodução assistida, como inseminação artificial, fertilização in vitro, congelamento de embriões e óvulos, todos totalmente custeados pelo banco.
Oferecer esses benefícios cria um ambiente confortável para que os funcionários falem abertamente sobre suas necessidades e desejos relacionados à maternidade e paternidade. Isso contribui não apenas para elevar a satisfação interna das empresas, mas também para a retenção de talentos.
Essa nova mentalidade no mercado de trabalho em relação à vida pessoal dos funcionários é um passo importante para a construção de uma cultura mais inclusiva e que valorize as escolhas individuais de cada colaborador.