Presidente Lula veta parcialmente marco temporal para demarcação de terras indígenas

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou a decisão de vetar parcialmente o projeto de lei que estabelece o marco temporal para demarcação de terras indígenas. O anúncio foi feito em uma coletiva de imprensa realizada no Palácio da Alvorada, com a presença dos ministros Alexandre Padilha, Sônia Guajajara e Jorge Messias. Essa medida determina que os povos indígenas só têm direito às terras que ocupavam ou reivindicavam até a promulgação da Constituição Federal, em 1988.

A sanção parcial do projeto, que será publicada em uma edição extra do Diário Oficial da União, ocorre no último dia do prazo estabelecido para o presidente se manifestar. O PL 2.903/2023 foi aprovado pelo Congresso Nacional no dia 27 de setembro, e uma semana antes dessa aprovação, o Supremo Tribunal Federal (STF) havia invalidado a tese do marco temporal, porém definindo indenização para ocupantes de boa-fé. Na ocasião, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, negou que a aprovação do projeto tivesse a intenção de confrontar o STF.

Em relação à expectativa do movimento indígena, que exigia o veto completo do PL, a ministra Sônia Guajajara afirmou que os pontos não vetados não prejudicam a política indigenista. Ela ressaltou que o que permanece no texto não irá alterar o que já está garantido pela Constituição Federal e pelas decisões recentes do STF, e que estão abertos ao diálogo com o movimento indígena e o Congresso Nacional.

Entre os artigos mantidos no projeto estão aqueles que reforçam a transparência do processo de demarcação de terras indígenas, a participação de estados e municípios nesse processo, o regulamento do acesso à área indígena e a importância das atividades econômicas e produtivas desenvolvidas pelas comunidades indígenas. As razões e justificativas dos vetos serão informadas no texto a ser publicado no Diário Oficial da União.

Além do marco temporal, considerado inconstitucional pelo STF, também foi vetada a possibilidade de pagamento de indenização prévia às demarcações. O veto também engloba a revisão de demarcações já realizadas, o cultivo de transgênicos, o garimpo e a construção de rodovias em terras indígenas sem autorização das comunidades indígenas. O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que a sanção parcial respeita a separação dos poderes e defendeu a decisão tomada.

Com a sanção parcial, os vetos retornam para serem analisados pelos parlamentares em sessão do Congresso Nacional, que conta com a participação de deputados e senadores. A Constituição estabelece que a rejeição dos vetos requer a maioria absoluta dos votos de deputados federais e senadores.

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