O governador Cláudio Castro comemorou a ação policial nas redes sociais, o que gerou críticas por parte de especialistas em segurança pública. Para Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os episódios recentes, como o assassinato de médicos por engano na Barra da Tijuca e a prisão de policiais por tráfico de drogas e corrupção, revelam a fragilidade do estado nessa área.
Lima argumenta que falta uma política de segurança efetiva no Rio de Janeiro, o que demonstra a fraqueza do governo. Ele destaca que a milícia continua desafiando o Estado e acredita que as operações policiais são realizadas de forma reativa, ou seja, em resposta à provocação dos criminosos. O especialista enfatiza a importância de uma política pública que separe a polícia da política, além de um planejamento adequado.
Pablo Nunes, pesquisador do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), também critica a falta de coordenação e planejamento na segurança pública. Segundo ele, é necessário investir em ações de inteligência que desarticulem os grupos criminosos de forma efetiva. Atualmente, as polícias realizam operações sem articulação e planejamento, o que não traz resultados significativos para a população.
Para José Ricardo Bandeira, presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, a segurança pública no Rio de Janeiro precisa de um plano eficaz para desarticular as milícias e organizações criminosas que controlam o estado. Ele ressalta que a falta de planejamento e o uso insuficiente de ferramentas de inteligência e investigação resultam em efeitos colaterais, como o ocorrido com os ônibus incendiados.
Esse episódio de violência nas ruas da Zona Oeste do Rio de Janeiro só reforça a crise na segurança pública do estado. Além dos incidentes recentes, como a prisão de policiais civis por tráfico de drogas e corrupção, o assassinato de médicos na Barra da Tijuca e o confronto que resultou na morte do miliciano Faustão, demonstram a falta de planejamento e articulação entre as polícias.
Faustão, sobrinho de um dos líderes da maior milícia do estado, era considerado o segundo homem na hierarquia da organização e responsável por chefiar rondas na Zona Oeste. A operação policial que resultou em sua morte foi realizada pela Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), Polinter e unidades especializadas.
O caos causado pelos ônibus incendiados e o clima de tensão na região mostram a urgência de uma política de segurança pública mais eficiente, que priorize o planejamento, a articulação entre as polícias e o uso adequado de ferramentas de inteligência e investigação. Enquanto a segurança pública no Rio de Janeiro não receber a atenção necessária, a população continuará sofrendo os efeitos colaterais dessa falta de planejamento.