Aumento de 86%: Mortes cometidas por policiais militares em serviço crescem no estado de São Paulo.

No período entre julho e setembro deste ano, o estado de São Paulo registrou um aumento de 86% nas mortes cometidas por policiais militares em serviço, em comparação ao mesmo período do ano passado. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) na última quinta-feira (26).

De acordo com o balanço, no terceiro trimestre de 2023, foram registradas 106 mortes decorrentes de intervenção policial, contra 57 no ano anterior. Esse aumento ocorreu durante a Operação Escudo, que foi realizada na Baixada Santista após a morte do policial Patrick Bastos Reis.

A Operação Escudo, que resultou em 28 mortes de civis, foi alvo de muitas críticas. Além disso, o aumento das mortes também coincide com a diminuição dos investimentos no Programa Olho Vivo, que consiste na instalação de câmeras corporais nos uniformes dos policiais. Estudos apontam que essas câmeras têm contribuído para a redução da letalidade policial nos últimos anos.

A pesquisadora do Sou da Paz, Mayra Pinheiro, destacou a importância do programa de câmeras corporais e expressou preocupação com as declarações do secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite, sobre a não continuidade das compras das câmeras.

No entanto, a SSP nega que tenha deixado de investir no programa e afirma que as câmeras estão em funcionamento em todos os batalhões da capital e região metropolitana de São Paulo, além de algumas unidades de outras regiões do estado.

O aumento das mortes cometidas por policiais militares em serviço também foi observado durante o ano de 2023 como um todo. Entre janeiro e setembro, houve um aumento de 45% em relação ao ano anterior, totalizando 261 notificações. Além disso, o número de mortes provocadas por policiais militares em folga também cresceu no terceiro trimestre.

O coordenador de relações institucionais da Rede Nossa São Paulo, Igor Pantoja, destacou que esses aumentos refletem uma política de reforço do confronto por parte do atual governo. Ele ressaltou que a Operação Escudo foi direcionada para uma espécie de vingança em relação ao assassinato do policial e criticou a falta de ampliação do programa de câmeras corporais.

Além das mortes provocadas por policiais militares, as mortes cometidas por policiais civis em serviço também aumentaram no terceiro trimestre. No entanto, ao longo do ano, houve uma queda nesse número em comparação ao ano anterior.

A SSP defende que as mortes decorrentes de intervenção policial são resultado da ação dos criminosos que optam pelo confronto. A pasta informou que tem investido em treinamento das forças de segurança e em políticas públicas para reduzir as mortes em confronto.

Organizações como Comissão Arns, Conectas e Instituto Sou da Paz alertaram sobre o risco de desmonte da política de uso de câmeras corporais pela polícia de São Paulo, que contribuíram para a redução da letalidade policial nos últimos anos. Elas destacaram que as gravações ajudam a apaziguar os ânimos durante as abordagens e servem como evidências contra acusações injustas.

Essas organizações acreditam que o atual governo de São Paulo tem trabalhado para desconstruir a política de controle do uso da força, ao congelar o cronograma de implementação das câmeras e cortar o orçamento para a manutenção dos equipamentos. Elas concluem que o governador está ignorando as evidências científicas e apontando para uma política de segurança baseada na violência policial.

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