Essa descoberta é considerada inédita para a arqueologia nacional, uma vez que não se sabia da existência desses grupos no Vale de Santiago. Até então, apenas a presença de populações nômades na cordilheira e na costa do Chile central era conhecida.
As peças descobertas, que datam do Período Arcaico (11.000-300 aC), incluem além dos esqueletos humanos, fragmentos de ossos de camelídeos e sementes. Os arqueólogos acreditam que esses grupos de caçadores-coletores se estabeleceram temporariamente na região.
Uma das informações mais interessantes fornecidas por esses restos humanos é a de que essas comunidades transitavam pelo rio Mapocho, que corta Santiago de leste a oeste. Essas descobertas pré-históricas fornecem informações valiosas sobre o período posterior às glaciações e ao povoamento da América.
As escavações vêm sendo realizadas desde 2020 em um terreno de 17 hectares localizado no município de Renca, noroeste de Santiago. Esse terreno abrigará os estacionamentos e oficinas dos trens da nova linha 7 do metrô, que deve entrar em operação em 2028.
Os arqueólogos, que acompanham as obras, já escavaram mais de mil poços em busca de restos e encontraram várias evidências do modo de vida antigo. A arqueóloga Consuelo Carracedo explica que havia uma barreira de inundação no local, onde o rio Mapocho depositava sedimentos finos, cobrindo os restos ao longo do tempo. Com essa descoberta, foi possível estabelecer uma sequência completa de ocupações, desde o período mais antigo, o arcaico, até grupos oleiros, históricos e até tempos recentes.
Essa descoberta arqueológica vem enriquecer ainda mais o conhecimento sobre a história e a ocupação humana na região de Santiago. Os vestígios encontrados permitem uma visão mais aprofundada dessas antigas comunidades de caçadores-coletores e contribuem para a compreensão do passado pré-histórico do Chile.