Núcleo de Estudos Raciais do Insper lança livro sobre desigualdade racial e políticas públicas voltado à discriminação racial no Brasil.

Neste final de outubro, o Núcleo de Estudos Raciaidos do Insper (Neri), sediado em São Paulo, apresentou ao público o livro “Números da Discriminação Racial: Desenvolvimento Humano, Equidade e Políticas Públicas”. Organizado pelos economistas Allysson Lorenzon Portella e Michael França e publicado pela editora Jandaíra, o livro discute as causas e consequências do racismo e da segregação social no Brasil, contando com análises de pesquisadores do Insper e autores convidados. A discussão proposta pela obra vai além da desigualdade racial e busca traçar um panorama amplo da condição das populações de afrodescendentes no país.

Dentre as análises presentes na publicação, é destacada a desigualdade racial herança da exploração do trabalho escravizado ainda durante o período colonial, persistente mesmo após mais de cem anos da abolição e da Proclamação da República. A obra aborda a disparidade racial em diversas esferas da vida, desde a educação até a renda, longevidade e gênero. Além disso, também é tratada a questão da violência contra a população negra e a representatividade política desses grupos.

Em entrevista para a Agência Brasil, o coordenador do Neri, Michael França, enfatiza a necessidade de políticas públicas mais integradas e efetivas para a inclusão e a promoção da mobilidade social no Brasil. Ele ressalta que o país vem falhando em atingir esses objetivos, mesmo após anos de ações afirmativas. Segundo França, as desigualdades raciais persistem, impactando negativamente a população negra, que continua enfrentando barreiras para avançar na vida.

O economista aponta que políticas mais integrativas, como a garantia de uma boa educação, saneamento básico e saúde, são essenciais para romper com essas disparidades. França também destaca a importância de se trabalhar todos os aspectos ligados à exclusão social e racial para promover avanços significativos na sociedade brasileira. Ele também ressalta a influência do sistema político nesse contexto, citando a baixa representatividade de mulheres e negros e a falta de equidade na distribuição de recursos eleitorais e partidários.

Por fim, a obra também levanta a questão da variabilidade da discriminação racial em diferentes regiões do Brasil, apontando que o processo de discriminação pode ser distinto entre Sul e Nordeste, por exemplo. Histórias e contextos culturais específicos podem influenciar na dinâmica das relações raciais em diferentes partes do país. A discussão proposta pela publicação tem o mérito de ampliar a compreensão das complexas questões raciais no Brasil, fornecendo subsídios para a formulação de políticas mais efetivas e abrangentes para a inclusão e promoção da igualdade na sociedade.

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