Padre Júlio Lancellotti é alvo de tentativa de abertura de CPI em São Paulo, Arquidiocese se pronuncia e ministros se manifestam

A Arquidiocese de São Paulo está acompanhando com perplexidade a tentativa de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Padre Júlio Lancellotti. A informação foi divulgada nesta quinta-feira (4) em nota oficial. A tentativa de investigação das organizações não governamentais que atuam na região conhecida como Cracolândia, na capital paulista, levou a Arquidiocese a questionar a coincidência dessa movimentação em um ano de eleições municipais.

O pedido de abertura de investigação das ONGs, protocolado em dezembro na Câmara Municipal de São Paulo, foi apresentado pelo vereador Rubinho Nunes (União). Embora o coordenador da Pastoral do Povo de Rua não tenha sido citado nominalmente no requerimento de abertura da CPI, Nunes fez declarações públicas afirmando que Lancellotti é o principal alvo da investigação. O vereador justifica a necessidade de investigação das organizações da sociedade civil alegando que “algumas delas” recebem financiamento público para realizar suas atividades.

Essa não é a primeira vez que o vereador Rubinho Nunes faz movimentações contra o Padre Júlio Lancellotti e a Pastoral do Povo de Rua. Em 2020, durante sua campanha para vereador, Nunes solicitou ao Ministério Público de São Paulo a abertura de um inquérito contra a organização A Craco Resiste, acusando-a de favorecer o consumo de drogas. A investigação policial aberta, no entanto, acabou arquivada sem encontrar qualquer irregularidade.

A medida tomada por Rubinho Nunes divide opiniões na Câmara Municipal. A vereadora Silvia, da Bancada Feminista (PSOL), fez um requerimento pedindo a investigação do aumento da população em situação de rua na capital paulista e das políticas públicas de atendimento a essas pessoas. Enquanto isso, o padre Julio Lancellotti se posicionou, por meio de nota, que as CPIs são legítimas, mas informou que não pertence a nenhuma organização da sociedade civil ou organização não governamental que utilize convênio com o Poder Público Municipal.

A tentativa de abertura da CPI também repercutiu nas redes sociais. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, expressou solidariedade ao padre Julio, afirmando que “Padre Júlio não está sozinho!”. Enquanto isso, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, questionou a proposta de abertura de CPI, afirmando que revela “uma inquietante distorção de prioridades”. O debate sobre a necessidade e os motivos reais por trás da possível investigação devem continuar repercutindo nas próximas semanas.

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