A suspeita em torno da reunião interna é o foco das atenções da investigação, pois três funcionários da Abin foram convocados para depor sobre o episódio, conforme informações divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo. A averiguação da PF sobre a reunião interna se dá no bojo do braço da investigação sobre suposto ‘conluio’ entre a atual gestão do órgão e servidores que já estavam na mira da PF.
A reunião sob suspeita ocorreu no final da manhã da quinta-feira (25) anterior ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, levantar o sigilo da decisão que mobilizou agentes da PF para cumprirem 21 mandados de busca e apreensão. O principal alvo da ofensiva foi o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da agência e sucessor de Ramagem, que comandou a agência na gestão Bolsonaro e hoje é pré-candidato à prefeitura do Rio de Janeiro.
A PF também apura se, a pretexto de proteger informações “sensíveis”, a agência estaria dificultando acesso a dados necessários ao avanço da investigação. Como mostrou o Estadão, a PF entende que a cúpula da agência estaria preocupada, na verdade, com a exposição da espionagem clandestina de autoridades, de acordo com um trecho do relatório da PF que culminou na Operação Vigilância Aproximada.
A conduta da Abin é questionada pela PF, que afirma que a direção atual da agência realizou ações que interferiram no bom andamento da investigação, prejudicando seu desenrolar. Além disso, a PF apurou que a direção atual da Abin teria se comprometido a “construir uma estratégia em conjunto” e “convencer o pessoal que há apoio lá de cima”, de acordo com informações colhidas pela polícia.
Por fim, a PF apurou que o atual chefe da Abin, Luiz Fernando Corrêa, é suspeito de ter estado presente, segundo a PF, na reunião em que o ex-diretor da agência e sucessor de Ramagem, Alessandro Moretti, afirmou que a investigação tinha “fundo político e iria passar”. A investigação continua e a PF segue ouvindo os envolvidos para esclarecer o desenrolar dos fatos.